O
desenvolvimento social na primeira infância.
O
segundo lado do desenvolvimento social, a personalidade, e o padrão singular de
temperamento, emoções, interesses e habilidades intelectuais que uma criança
desenvolve, bem como as tendências e capacidades inatas da criança que moldadas
por suas interações com a família e com a comunidade. As origens da
personalidade não são menos visíveis no nascimento do que a presença de
influencias socializante.
A
formação da personalidade e a socialização estão em constante tensão a partir
do momento em que as crianças descobrem o dilema sobre o qual Freud escreveu-o
fato que seus desejos e ideias individuais frequentemente estão em conflito com
as normas da sua cultura e os desejos das outras pessoas.
Durante
a primeira infância, as crianças aprendem muito sobre os papeis que espera que
elas desempenham.
À
medida que adquirem experiência em interagir com varias pessoas, as crianças
pequenas desenvolvem uma percepção mais explicita delas próprias, de suas
habilidades e de maneira que podem usar as regras e as ferramentas que a
sociedade esta tentando impor-lhes para seu próprio proveito.
Adquirindo uma identidade social e
pessoal
A identificação e um processo psicológico em
que as crianças tentam aparentar, agir, sentir e ser iguais as pessoas
importantes do seu ambiente social.
O
desenvolvimento da identificação pode ser estudado com respeito e quase
qualquer categoria social - uma família, um grupo religioso, um grupo do bairro
ou uma nacionalidade.
Identidade com o papel sexual
A
identidade e fundamental a experiência do adulto, a questão de como as crianças
adquirem uma percepção pessoal da sua identidade com o papel sexual, e como o
interpretam e de grande interesse para os psicólogos do desenvolvimento. Na
primeira infância, meninos e meninas tendem a escolher os pais do mesmo sexo
como modelo de identificação.
Para
os meninos, tornarem se iguais aos seus pais requer que eles se tornem
diferentes das pessoas com que eles tiveram o relacionamento mais próximo: sua
mãe. As meninas, por outro lado , procuram tornar-se iguais a pessoa com quem
elas tiveram o relacionamento mais próximo.
Ø Identificação
primaria: os bebês pequenos para imitar as outras pessoas.
Ø Identificação
secundaria: a criança ela se esforça para adquirir suas qualidades.
Segundo
o relato de Freud, a fase fálica do desenvolvimento, que segue as fases oral e
anal em sua teoria do desenvolvimento.
A
fase de latência e uma ocasião em que os desejos sexuais e são reprimidos, como
uma defesa contra os perigosos sentimentos que eles evocam, e uma ocasião em
que as crianças exibem interesse em aprender as habilidades que os adultos
possuem.
Uma visão da aprendizagem social:
identificação através da observação e da imitação.
As teorias freudianas da identificação presumem que as
crianças pequenas são surpreendidas em conflitos ocultos entre seus medos e
seus desejos. A identificação e a sua maneira de resolver esses conflitos.
BANDURA(1969,1986) acredita que a capacidade para
aprender a partir da observação depende de vários fatores:
Ø Disponibilidade;
Ø Atenção;
Ø Memória
Ø Reprodução
motora;
Ø Motivação.
Uma
visão cognitiva: formação de identidade como desenvolvimento conceitual.
KOHLBERG
acredita que o desenvolvimento do papel sexual passasse por três estágios:
Ø Identidade;
Ø Estabilidade;
Ø Constância.
Assim
sendo, um esquema de gênero pode ser considerado um modelo mental contendo
informações sobre homens e mulheres, que e usado para processar informações
relevantes sobre os gêneros.
Conhecimento do papel sexual e
comportamento do papel sexual
Essas diferenças nos estilos preferidos de
brincadeiras parecem subjacentes as observações repetidas, que mesmo na
primeira infância, os meninos e as meninas tendem auto segregar quando não
estão sendo supervisionados de perto dos adultos.
Entretanto,
uma vez adquirida a identidade básica do gênero, aumenta a variedade de maneira
como as crianças usam o conhecimento do papel sexual, para interpretá-lo,
categorizar e lembrar o mundo, assim como a sua tendência para se engajar no
mundo de maneira adequada ao papel sexual.
Processo
|
Teorias
influentes
|
Hipóteses/
Variações
|
Diferenciação
e integração
|
Freud
|
Os
meninos diferenciam-se
De
suas mães e se identificam com seus pais através da resolução do complexo do
Édipo; as meninas identificam-se com suas mães depois de resolver sua raiva
por não possuírem um pênis.
|
|
Chodorow
|
O
caminho de uma menina para a formação da identidade e através da filiação,
proporcionando, assim, uma base para o desenvolvimento da intimidade. O
caminho de um menino e através da diferenciação; em consequência disso, os
meninos tendem a rejeitar a intimidade.
|
Observação
e imitação
|
Bandura
|
Os
meninos observam e imitam o comportamento masculino porque são recompensados
por fazê-lo enquanto as meninas são recompensadas por exibirem um
comportamento feminino. Isso produz as diferenças observadas entre os
gêneros.
|
Cognição
|
Cohlberg
|
Primeiro,
as crianças formam um esquema permanente do seu gênero e, depois definem o
que e compensado desse esquema.
|
Mecanismos
associados
|
Teoria
do esquema gênero (Martim Halverson)
|
A
identidade sexual emerge de uma combinação de observação, imitação, e
formação do esquema. O desenvolvimento do conhecimento do gênero tanto
depende quanto e modificado pelo desenvolvimento de esquemas de gêneros mais
sofisticados.
|
Identidade
étnica e racial
Em uma sociedade povoada por muitos grupos e raças
étnicas, a percepção das crianças de suas próprias identidades étnica ou racial
e uma questão social importante.
Outros estudos mostraram que as preferências étnicas ou
raciais expressadas pelas crianças pequenas variam segundo as circunstâncias.
Identidade
pessoal
Desenvolver um papel sexual e uma identidade étnica é
apenas dois aspectos da percepção cada vez mais complexa das crianças do eu que
se desenvolve durante a primeira infância.
O processo continua desenvolve das percepções do “eu” e
do “mim” e muito influenciado na primeira infância pelo uso por parte das
crianças de uma linguagem sofisticada.
Desenvolvendo
a capacidade de autocontrole
Aprendendo sobre o
bem e o mal
As crianças desenvolvem suas primeiras e primitivas ideias
sobre o que e bom e o que e ruim pelo e pelo modo como as pessoas importantes
das suas vidas reagem diante de seus comportamentos.
Assim como há variações culturais nos limites entre as
esferas convencionais moral e social, há também diferenças dentro de uma
cultura, naquilo que e considerado comportamento convencional e o que e uma
questão de escolha convencional e o que e uma questão de escolha pessoal.
Autocontrole
Além
de aprender o que deve e o que não deve fazer, as crianças devem adquirir a
capacidade de agir de acordo com a expectativa de seus cuida dores, mesmo
quando não querem e não estão sendo monitorados. Esse tipo de obediência e
chamado de autocontrole. (KOPP e WYER,1994).
Ø Inibição
do movimento;
Ø Inibição
das emoções;
Ø Inibição
das conclusões;
Ø Inibição
da escolha.
Internalização:
Internalização
e um processo pelo qual a experiência externa, culturalmente organizada, e
transformada em processos psicológicos internos que, por sua vez, determinam a
maneira como as pessoas se comportam.
A consciência pode ser definida como
faceta da personalidade que emerge quando as crianças desenvolvem padrões
generalizáveis e internalizados de comportamento. (KOCHANSKA e THOMPSON,1997).
Agressão e comportamento pro –
social
Um
aspecto igualmente importante do desenvolvimento social e a capacidade
emergente das crianças pequenas param se comportar quando estão interagindo com
outras crianças da própria idade.
Desenvolvimento da
agressão
A
agressão e um fenômeno difícil de definir. À medida que as crianças vão
amadurecendo, duas formas de agressão entram no seu repertorio:
Ø Agressão
instrumental;
Ø Agressão
hostil.
O
que a causa à agressão?
O modelo
Os teóricos da aprendizagem social acreditam que, no ato
de castigar seus filhos, os pais podem inadvertidamente ensiná-los a se
comportar de maneira agressiva.
Depois que as crianças assistiam episódios do
comportamento agressivo, os experimentadores providenciaram para que, durante
algum tempo, ele se envolvessem em outras atividades.
Aquisição
da linguagem
A linguagem é essencial para se viver em
sociedade, é através dela que nos desenvolvemos. Mas surgem muitas questões e
apontamentos sobre esse assunto como:
Pré-requisito da linguagem é algo biológico
humano ou as outras espécies também conseguem se compreender pela linguagem. A
linguagem humana é verbal as outras espécies produzem vários sons e gestos
comunicativos. Foram realizados testes com chimpanzés para se verificar se
tratados como humanos conseguiriam produzir a linguagem verbal, mas o que foi
percebido é que eles conseguem compreender, mas não conseguem exercer a
linguagem verbal.
Outra questão levantada é a respeito de
crianças com deficiências biológicas graves, pois o desenvolvimento coordenado
da linguagem depende dos aspectos fonéticos, gramaticais, semíticos e
pragmáticos da linguagem e de algum nível mínimo de maturação biológica e
capacidade herdada.
Ambiente para o desenvolvimento da linguagem
deve acontecer colocando a criança em convívio humano com pessoas que já tenham
adquirido. Pois elas aprendem por imitações, quando escuta uma palavra nova
elas formam uma ideia rápida da primeira abordagem do significado da palavra
processo que os psicólogos chamam de mapeamento rápido.
A linguagem requer de
vários elementos que enfatizam as teorias como: 1. Uma sensibilidade biológica
programada a linguagem, presente no nascimento que se desenvolve á medida que
amadurecem (visão inatista).
2. A capacidade de
aprender e imitar o comportamento da linguagem de outras pessoas (a visão da
aprendizagem ambiental).
3. A aquisição de
habilidades cognitivas básicas, incluindo esquemas para ações com objetos, a
capacidade para representar o mundo mentalmente e a presença de princípios
léxicos (visão construtivista de uma visão interacionista).
4. A inclusão de
crianças em rotinas familiares em que a
linguagem é uma das muitas formas de interação ( a versão cultura lista de uma
visão internacionalista).
Cap.
9 A MANEIRA DE PENSAR NA PRIMEIRA INFANCIA: ILHAS DE COMPETENCIAS.
Relato de Piaget sobre o desenvolvimento
mental na primeira infância é o momento de transição do pensamento da fase de
bebe (esquemas sensório motor) e o pensamento da segunda infância, que envolve
manipulações de símbolos ou ações internalizadas (mentais). Segundo Piaget esse
período se define pelo estagio pré-operatório, pois o pensamento ainda não é
completamente operatório, é um processo de superação das limitações.
O egocentrismo está presente nessa fase, mas
não como egoísmo ou arrogância, mas sim de maneira a criança se concentrar em
si mesma em considerar o mundo no seu próprio ponto de vista, incapaz de
enxergar a partir da perspectiva de outra pessoa. Elas têm dificuldade de
explicar as coisas aos outros e de pensar pela perspectiva mental de outra
pessoa.
Na primeira infância a tendência é que as
crianças se concentrem exclusivamente em um objeto mais evidente, ou seja, em
sua aparência superficial.
Nessa fase gostam muito de fazer perguntas,
Piaget acreditavam que pelo fato de ainda não serem capazes de realizar
operações mentais de verdade, elas não poderiam envolver-se no raciocínio de
causa e efeito como as crianças mais velhas e como os adultos.
Nessa idade, o pensamento da criança é
dominado pela incapacidade de descentrar, o que impede de considerar os pontos
de vistas e crenças dos outros, manter a aparência e a realidade separadas e
raciocinar de maneira logica, características da primeira infância segundo
Piaget e outros autores.
EXPLICAÇÕES PÓS-PIAGETIANAS DO
DESENVOLVIMENTO
NA PRIMEIRA INFÂNCIA
Muitos pesquisadores do desenvolvimento
continuam a declarar que a teoria de Piaget continua correta em seu quadro
geral do desenvolvimento e que as evidencias aparentemente contraditórias
resultam de experimentação errada ou de um malogro no entendimento da teoria de
Piaget. Orlando Lourenco e Armando Machado, por exemplo, declaram que as
crianças pequenas podem ser mais competentes do que acreditava Piaget, mas a
maior parte dos estudos que tem desafiado seus resultados baseia-se em
"erros metodológicos e confusões conceituais" (Lourenco e
Machado,1996, p. 146). Outros psicólogos acham que os problemas da teoria de
Piaget são mais sérios. Uma característica compartilhada por muitos desses
críticos e a sua crença de que a cognição começa como um processo que é especifico
dos domínios do conhecimento, como a música, o espaço e o número e se modifica
diferentemente em cada domínio. Entretanto, esses estudiosos diferem na maneira
como concebem os domínios e na extensão do que acreditam que sejam as
modificações desenvolvimentais nos processos cognitivos gerais, como a memória
e a atenção, que operam entre os domínios (Case, 1998; Goswami, 1999).
TEORIAS
NEOPIAGETIANAS DO DESENVOLVIMENTO COGNITIVO
O termo neopiagetiano refere-se
aos psicólogos do desenvolvimento que concordam com características importantes
da abordagem de Piaget, mas que buscam modificar alguns aspectos da sua teoria
em resposta a críticas modernas. Os neopiagetiano conservam a ideia de que a
aquisição de conhecimento ocorre através de mudanças que se processam por meio
de estágios, mas acreditam que a passagem dos indivíduos pelos estágios ocorre
em velocidades diferentes em domínios diferentes. Uma criança pode ser um
incrível jogador de xadrez ou um musicista precoce, mas, no desempenho das tarefas
piagetianas, não se comporta melhor do que os companheiros da sua idade
(Feldman, 1999). Por isso, o problema enfrentado pelos neopiagetiano é
reconciliar as transformações especificas do domínio e as transformações
desenvolvimentais gerais. Para isso, Robbie Case e seus colegas concentram-se
no que Case chamou de estruturas conceituais centrais (Case,1992; Case e
Okamoto, 1996). Uma estrutura conceitual central é uma rede de conceitos e de
relações conceituais que permite as crianças pensar da mesma maneira sobre uma
ampla extensão de problemas em um dado domínio. Segundo Case, quando os
pesquisadores se certificam de que tarefas diferentes do mesmo domínio são
familiares, envolvem um conteúdo igualmente exigente e tem as mesmas exigências
de memória, as crianças vão passar pelas mesmas modificações desenvolvimentais
em cada tarefa, aproximadamente na mesma idade, refletindo uma mudança
coordenada com as estruturas conceituais centrais.
Case deixa em aberto a possibilidade de
poder haver formas gerais de entendimento conceitual que se apliquem a todos os
domínios que as crianças experimentam, como sugeriu Piaget, mas até agora,
escreve Case, ele foi incapaz de identificar alguma (Case e Okamoto, 1996, p. 2
8 8 ).
ABORDAGENS DO PROCESSAMENTO DE INFORMACAO
Segundo os teóricos do processamento de informação, o pensamento pode ser
melhor entendido através da analogia com o funcionamento de um computador
digital. Os investigadores que empregam a metáfora da criança como um
processador de informações em geral concebe o desenvolvimento cognitivo como o
resultado de modificações, tanto no hardware neural das crianças, como a
mielinização aumentada de um a determinada região do cérebro, quanto no software
das crianças, como a aquisição de uma nova estratégia para desenvolver a
memória (Siegler, 1 9 9 6 ).
A estimulação
do ambiente é detectada pelos órgãos sensoriais e é transmitida para o registro
sensorial. Se o input não é considerado, vai desaparecer quase
imediatamente. Se e considerado, pode ser "lido" pela memória de
curto prazo, onde pode ser retido durante vários segundos.
Os processos de controle importantes incluem atenção, repetição e tomada
de decisão. O software, que é uma parte fundamental dos processos de
controle, determina as informações particulares que devem ser tratadas, bem
como se a memória de longo prazo deve ser sondada mais profundamente para dar
uma resposta adequada, ou bem como se uma determinada estratégia de resolução
de problemas deve ser utilizada. Os processos de controle também determinam se
uma informação da memória de curto prazo deve ser retida, ou se pode ser
esquecida.
UM RELATO DA APRENDIZAGEM AMBIENTAL: QUANTIDADE DE EXPERIÊNCIA
A perspectiva da aprendizagem ambiental também proporciona importantes
introjecções nas fontes do desenvolvimento intelectual das crianças pequenas e
nas razões para a irregularidade do seu desempenho cognitivo. Quer se observe o
desenvolvimento cognitivo através de uma lente piagetianas, neopiagetiano, do
processamento de informações ou culturalista.
Segundo os pesquisadores, quanto mais se sabe sobre um tópico, mais fácil
lembrar os itens a ele pertencentes. O extenso conhecimento do domínio também
afeta o raciocínio: quanto mais você souber, maior será a sua capacidade de
raciocínio.
Na medida em que a mudança de noviço para especialista representa uma
mudança no estágio de desenvolvimento da criança no domínio em
questão, a explicação da aprendizagem ambiental parece capaz de explicar as
mudanças que se processam por meio de estágios. Esses novos
"estágios" serão, evidentemente, apenas ilhas de especialidade.
RELATOS BIOLOGICOS DO DESENVOLVIMENTO MENTAL NA
PRIMEIRA INFÂNCIA
É possível que a desigualdade nas habilidades cognitivas das crianças
pequenas seja o resultado de processos cerebrais inatos que se desenvolvem em
uma programação ampla da espécie.
O desenvolvimento do cérebro
No início da primeira infância, o cérebro atingiu cerca de 50% do seu
peso adulto. Quando as crianças estão com seis anos, ele já desenvolveu 90% do
seu peso total (Huttenlocher, 1994; LeCours, 1982). Grande parte desse aumento
total resulta do Processo continuo de mielinização, que acelera a transmissão
dos impulsos neurais dentro e entre as diferentes áreas do cérebro.
Consistentes com as evidencias na velocidade da mielinização, os estudos das
modificações na atividade elétrica do cérebro mostram um aumento rápido durante
a primeira infância na frequência geral e no tamanho das ondas cerebrais quando
as crianças estão envolvidas em tarefas cognitivas (Eischer e Rose, 1996;
Thatcher, 1997). Níveis baixos de mielinização no hipocampo, que dão suporte à memória
de trabalho de curto prazo, podem explicar as memorias de trabalho restritas
das crianças pequenas, e daí suas dificuldades em tarefas que requerem que elas
guardem na mente várias informações ao mesmo tempo.
Como essas limitações biológicas gerais tem diferentes consequências
psicológicas, dependendo de determinadas exigências cognitivas das tarefas que
as crianças pequenas são solicitadas a enfrentar, elas proporcionam uma maneira
de entender a irregularidade do desenvolvimento durante essa faixa etária. Uma
fonte adicional de irregularidade no desenvolvimento cognitivo e que processos
como a formação de dendrito e a mielinização não ocorrem em uma
velocidade regular em todo o sistema nervoso. Quando uma parte do cérebro se
desenvolve mais rapidamente que outras, ou quando as vias neurais que conectam
uma determinada combinação de áreas corticais sofre uma explosão de
mielinização, pode-se esperar que os processos psicológicos apoiados por esses
sistemas cerebrais também sofram uma rápida mudança.
Módulos mentais
O papel visivelmente importante do desenvolvimento e funcionamento
cerebral pré-programado no desenvolvimento cognitivo levou alguns teóricos a
conceber o desenvolvimento cognitivo em termos de módulos mentais,
faculdades mentais altamente especificas que respondem aos inputs ambientais
relacionados a domínios específicos (Atran, 1998; Fodor, 198 3).
Segundo a teoria da modularidade, devido a organização geral do cérebro,
há sistemas hard-wired dos processos cerebrais que recebem input de
classes particulares de objetos do ambiente e produzem output correspondentes
as informações sobre o mundo especificas do domínio. O reconhecimento das
faces, a percepção da música e a percepção elementar da causalidade
proporcionam exemplos populares de módulos mentais (Hirschfeld e Gelman, 1994;
Wellman e Gelman, 1998).
Para cada domínio, recorrem a diferentes objetos, seguem diferentes
princípios e organizam a experiência humana de uma maneira distinta. As
operações mentais requeridas para se perceber e criar música são diferentes
daquelas requeridas para se reconhecer um rosto; e as operações de ambos os
processos diferem daquelas requeridas para descrever o rosto de alguém quando
essa pessoa está ouvindo uma determinada peça musical. Dependem de uma estrutura
neural fixa, operam automaticamente e só precisam ser “desencadeados" pelo
ambiente. Segundo os teóricos da modularidade, as evidencias das origens
modulares do desenvolvimento cognitivo podem ser observadas desde a fase de
bebe.
Uma segunda linha de evidencia que defende a posição da modularidade vem
dos prodígios - crianças cujo nível geral de desenvolvimento é normal, mas que
demonstram ilhas de brilhantismo.
Domínios fundamentais e princípios estruturais.
A evidencia de que várias capacidades mentais exibem as propriedades da
especificidade do domínio propostas pelos teóricos da modularidade empresta
credenciais a ideia de que a aquisição de conhecimento é especifica do domínio
e está ligada aos processos evolucionários de longo prazo que controlam a
maturação.
Grande parte da aprendizagem está envolvida para se conseguir, desde as
realizações extremamente limitadas do recém-nascido, até o entendimento dos
adultos.
Princípios
estruturais.
Essas considerações conduziram outros pesquisadores do desenvolvimento simpáticos a posição modular a formular
alternativas para conceber o desenvolvimento especifico do domínio, que
proporciona um papel mais explícito para a experiência ambiental (Carey e
Wcllman, 1998; Gelman e Williams, 1998). Rochel Gelman e Earl Williams (1998)
declaram que, em vez de módulos que as crianças processos cognitivos "prontos”,
e mais adequados pensar em um apoio ao desenvolvimento especifico do domínio,
como resultado de princípios estruturais, princípios cognitivos básicos e inatos
que dirigem os processos mentais, como a atenção e a memória, para aspectos
importantes do problema atual.
O domínio das
criaturas vivas.
A capacidade das crianças para pensar sobre a diferença entre as
entidades vivas e não-vivas é um exemplo notável de como os princípios
estruturais subjacentes a um domínio fundamental podem guiar a aquisição de
conhecimento.
A distinção entre movimento autogerado e movimento externamente causado
proporciona um princípio estrutural para a aquisição de informações sobre as
criaturas vivas que são essenciais a ponderação sobre o mundo. Christine Massey
e Rochel Gelman (1988) demonstraram as generalizações feitas por crianças de
três a quatro anos de idade tendo como base uma distinção entre movimentos auto
iniciados e movimentos externamente iniciados, mostrando-lhes fotografias de
objetos não-familiares e lhes perguntando se cada um dos objetos podia subir um
a montanha "sozinho". As fotografias incluíam criaturas animadas
não-familiares e artefatos. A maioria das crianças de três anos de idade e
quase todos de quatro anos de idade sabiam que somente os objetos animados
podiam subir sozinhos a montanha.
A distinção entre animado e inanimado que se desenvolve a partir de
diferentes formas
de movimento e acompanhada por outro conhecimento importante para os domínios das coisas vivas e não-vivas, como a
diferença entre "dentro" e "fora".
As crianças pequenas sabem que os objetos animados crescem e mudam sua
aparência, ao contrário dos artefatos, que podem ser desgastados ou quebrados,
mas não crescem. E sabem que os artefatos não ingerem comida. Em seu estudo dos
conceitos iniciais de biologia, Giyoo Hatano e Keiko Inagaki descobriram que a
maioria das crianças de cinco e seis anos de idade declara que seria impossível
manter um coelho bebe pequenininho. Uma criança exclamou: "Não podemos
fazer o bebe ficar sempre do mesmo tamanho porque ele come! Se ele come, vai
ficar maior e maior até ser um adulto" (Inagaki e Hatano, 1987, p. 1015).
Outro aspecto ainda dos seres animados entendidos pelos pré-escolares e
que as coisas vivas tem filhos, e que os filhos herdam características de seus
pais; os artefatos não se reproduzem e não podem transmitir suas propriedades.
Certamente, as crianças pequenas tem pouco conhecimento detalhado sobre
as criaturas biológicas e os artefatos - por exemplo, sobre o real interior dos
animais ou dos automóveis e como eles funcionam. Mas, com certeza, tem uma
serie de "teorias de funcionamento" sobre os seres vivos e não-vivos
que eles usam para confrontar a experiência, se estão em um zoológico ou em uma
loja de brinquedos.
CULTURA E DESENVOLVIMENTO MENTAL NA PRIMEIRA. INFÂNCIA
Ha várias maneiras obvias pelas quais a abordagem culturalista contribui
para a discussão da irregularidade do desenvolvimento cognitivo durante a
primeira infância.
Os contextos culturais que as crianças habitam podem ser pensados como
nichos desenvolvimentais, locais onde o contexto físico e social em que as
crianças vivem, a educação dos filhos e a experiência educacional que são
organizadas para as crianças, e as crenças e práticas culturalmente organizadas
dos adultos interagem com a herança genética da criança, produzindo oportunidades
específicas para o desenvolvimento da criança (Super e Harkness, 1986 ).
Em termos de desenvolvimento mental, os nichos desenvolvimentais são os
contextos em que a sociedade torna disponíveis os recursos culturais essenciais
para o desenvolvimento do pensamento e da ação.
Representação mental dos contextos.
Piaget sustentava que, no curso da sua atividade, as crianças constroem
esquemas, padrões organizados de conhecimento individual que representam
objetos e seus inter-relacionamentos. Esses esquemas são concebidos como
estruturas mentais internas que determinam a maneira como a criança entende e
age; eles se desenvolvem em uma progressão logica.
Katherine Nelson (1981, 1996) sugere que, como resultado da sua
participação em eventos rotineiros, culturalmente organizados, as crianças
adquirem representações generalizadas do evento ou roteiros. Os roteiros
existem tanto como artefatos externos, culturais, quanto como representações
internas desses artefatos. Os roteiros são tanto em seus aspectos internos
quanto externos, ferramentas do pensamento.
Os roteiros representam um conhecimento generalizado. Além de possuir o
conteúdo geral, os roteiros são organizados em uma estrutura geral, similar
àquela dos roteiros dos adultos. Mesmo crianças muito pequenas sabem que os
eventos envolvidos em "comer em um restaurante" não acontecem por
acaso. Em vez disso, descrevem uma sequência: "Primeiro fazemos isso,
depois aquilo". As crianças evidentemente abstraem o conteúdo de um
roteiro e sua estrutura de muitos eventos e, então, usam esse conhecimento para
organizar seu comportamento.
As funções dos roteiros
Os roteiros são guias da ação. São representações mentais que as crianças
e os adultos usam para descobrir o que é provável que aconteça em seguida em circunstancias
familiares. Até as crianças terem adquirido um grande repertorio de
conhecimento sob a forma de roteiro, elas precisam usar muito esforço mental
para construir roteiros quando participam de eventos não-familiares. Quando não
tem conhecimento do roteiro, precisa prestar atenção aos detalhes de cada nova
atividade. Em consequência disso, e menos provável que distingam entre as
características essenciais e superficiais de um novo contexto.
Uma segunda função dos roteiros e permitir que as pessoas de um
determinado grupo social coordenem suas ações. Essa função dos roteiros
torna-se possível porque, segundo a perspectiva culturalista, o conhecimento do
roteiro é um conhecimento geralmente mantido em comum, incluindo sua
incorporação como uma linguagem comum.
A aquisição de roteiros é fundamental para a aquisição de cultura.
(Nelson, 1981, p. 109 ,110).
Outra função dos roteiros é proporcionar um meio pelo qual conceitos que
se aplicam a muitos tipos de eventos possam ser adquiridos e organizados.
O contexto cultural e a irregularidade do desenvolvimento
Uma vez que as crianças deixam os limites de seus berços e dos braços de
seus cuidadores, elas começam imediatamente a experimentar uma grande variedade
de contextos que os impelem a adquirir vários novos roteiros, mesmo que
aperfeiçoem seu conhecimento dos roteiros com os quais já estão familiarizadas.
Por isso, é natural, segundo a abordagem culturalista, que o desenvolvimento
durante a primeira infância pareça tão irregular. O conteúdo e a estrutura de
novos eventos em que as crianças pequenas participam vão depender
fundamentalmente dos contextos proporcionados pela sua cultura e dos papeis que
se espera que elas desempenhem nesses contextos. Em contextos familiares, onde
elas conhecem a sequência de ações esperada e podem interpretar adequadamente
as exigências da situação, as crianças pequenas tem maior probabilidade de se
comportar de uma maneira lógica e em conformidade com os padrões de pensamento
do adulto. Mas, quando os contextos não são familiares, elas podem aplicar
roteiros inadequados e recorrer ao pensamento magico ou ilógico.
Em geral, as culturas influenciam a irregularidade do desenvolvimento das
crianças de várias maneiras básicas (Laboratory of Comparative Human Cognition,
1983; Rogoff, 1998, 2 0 0 0; Super e Harkness, 1997):
1. A ocorrência e a não ocorrência de atividades especificas:
Não se pode aprender sobre algo sem observa-lo ou ouvir falar nele.
Não se pode aprender sobre algo sem observa-lo ou ouvir falar nele.
2. A frequência das atividades básicas:
Dançar e uma atividade encontrada em todas as sociedades, mas nem todas as sociedades dão um enfoque igual a dança.
Dançar e uma atividade encontrada em todas as sociedades, mas nem todas as sociedades dão um enfoque igual a dança.
3. A maneira como relacionam diferentes atividades:
Se moldar argila está associado a fabricação de cerâmica, isso é experimentado juntamente com toda uma série de atividades relacionadas: cavar uma pedreira, queimar a argila, esmaltar a argila, vender os produtos. Moldar a argila como parte do currículo de uma creche estará associado a um padrão de experiência e conhecimento inteiramente diferente.
Se moldar argila está associado a fabricação de cerâmica, isso é experimentado juntamente com toda uma série de atividades relacionadas: cavar uma pedreira, queimar a argila, esmaltar a argila, vender os produtos. Moldar a argila como parte do currículo de uma creche estará associado a um padrão de experiência e conhecimento inteiramente diferente.
4. O papel da criança na atividade:
As crianças entram na maior parte das atividades como novatos que
tem pouca responsabilidade pelo resultado. Eles dependem dos outros como guias
para o que e importante dominar.
Avaliando a explicação culturalista.
Na visão culturalista, as habilidades de desenvolvimento das crianças são
vistas como ligadas ao conteúdo e a estrutura das atividades em que elas
participam. A extensão em que maneiras de pensar e agir novas e mais
sofisticadas toma-se gerais entre os contextos depende, fundamentalmente, da
extensão em que esses processos psicológicos são uteis também em outros locais
(Laboratory of Comparative Human Cognition, 1983). Segundo os teóricos
culturalista, o pensamento magico, o fracasso em perceber a perspectiva do
outro e a confusão entre aparência e realidade, realmente, não desaparecem
depois da primeira infância, eles também são observados em crianças mais velhas
e em adultos (Subbotski, 1991). Mas as crianças mais velhas e os adultos exibem
esses traços mais raramente em determinados contextos, que são externos as
experiências que eles acumularam na realidade do cotidiano. Embora não
descontando a possibilidade de processos específicos, tipo módulos, uma visão
culturalista do desenvolvimento é mais compatível com a ideia de que as
crianças herdam princípios estruturais, em domínios amplamente definidos que
são "ampliados" através de interações nos contextos culturais, para
produzir habilidades cognitivas mais desenvolvidas. A teoria culturalista
propõe que os princípios estruturais específicos do domínio requerem ambientes
adequados, culturalmente organizados, para poderem emergir e se desenvolver.
O DESENVOLVIMENTO DO DESENHO: APLICAÇÃO DAS
PERSPECTIVAS TEORICAS
Cada uma das atuais teorias da cognição na primeira infância proporciona
uma perspectiva distinta, a partir da qual se deve encarar o desenvolvimento.
Os relativos pontos fortes e fracos das visões alternativas podem ser melhor
considerados quando as várias abordagens tentam explicar o mesmo fenômeno.
Fazer um desenho - uma atividade com muitos componentes cognitivos - é um
exemplo característico, e todo ponto de vista teórico tem algo a dizer a
respeito.
Abordagem Construtivista de Piaget, o desenho das crianças parece passar
por uma serie regular de estágios.
Abordagem de processamento de informação, as mudanças no desenho podem,
em alguns casos, estar intimamente ligada a capacidade de captar na mente
vários aspectos de um objeto ao mesmo tempo.
Abordagem da modularidade, as crianças cujo desenvolvimento linguístico,
mental ou social e gravemente deficiente pode desenhar com um alto nível de
competência.
Abordagem culturalista, o desenvolvimento da capacidade de desenhar
depende das oportunidades proporcionadas à criança de se envolver nessa
atividade e das maneiras como essas oportunidades são estruturadas pelos
adultos.
CONSTRUCAO DAS ETAPAS DO DESENHO
Em toda cultura em que e dada às crianças uma oportunidade de desenhar
desde tenra idade, seus desenhos parecem passar pelas mesmas sequencias de
estágios. (Gardner, 1980; Golomb, 1974; Lange-Kuttner e Thomas, 1995). No
início, elas rabiscam. As crianças não estão "fazendo desenhos"
quando rabiscam. O que parece importar para elas não e o aspecto do produto,
mas a alegria de mover suas mãos e a trilha dos seus movimentos a qual o
rabisco testemunha. As crianças dão um passo gigantesco além do rabisco em tomo
dos três anos de idade, quando começam a reconhecer que as marcas e as linhas
que elas fazem podem representar objetos do mundo. Essa percepção reflete-se
desde cedo, quando as crianças começam a desenhar círculos e elipses que são
extraídos das espirais e das linhas que antes enchiam seus rabiscos. A linha
circular encerra uma área interna que lhes parece mais solida do que o campo em
que ela está, indicando que o desenho está claramente representando alguma coisa.
Esses desenhos iniciais desenvolvem se em duas dimensões: começam a incluir
mais detalhes nos objetos que descrevem e incluem relacionamentos espaciais -
ambos os relacionamentos entre os objetos descritos e entre esses objetos é a
criança que está fazendo o desenho. Os desenhos de crianças mais detalhados
provavelmente envolvem a inclusão de elementos cada vez mais estereotipados. Se
lhes for mostrada uma xicara no nível dos seus olhos, de forma que sua alça não
possa ser vista, as crianças, apesar disso, vão desenhar a xicara com uma alça,
colocando-a em algum lugar lateral, porque elas sabem que as xicaras tem alças.
Entre os seis e os 11 a 12 anos de idade, as crianças cada vez mais desenham o
que realmente veem de um objeto. Ao mesmo tempo, seus desenhos começam a
representar a perspectiva a partir da qual o objeto é visto. Finalmente, as
crianças começam a combinar representações de pessoas e objetos para fazer
cenas descrevendo várias experiências.
A brincadeira ocupa um papel importante no desenvolvimento
cognitivo das crianças pequenas, assim como no seu desenvolvimento físico e
social. Aos dois anos de idade, as crianças são capazes de fingir que uma caixa
de fósforos é um carro que pode zunir em torno de um caixote de areia, ou que
um bloco é uma ferramenta.
Essa brincadeira, no entanto, e muito solitária, no sentido
de que, mesmo quando várias crianças pequenas estão junta em um aposento, e
improvável que sua brincadeira seja interconectada (Bretherton,1984). Na
primeira infância, a brincadeira de faz-de-conta torna se mais social e mais
complexa (Goncu e Kessel, 1988). Em vez de um faz-deconta solitária, as
crianças começam a se envolver em um jogo sociodramático, isso requer um entendimento
compartilhado do que a situação da brincadeira envolve e que, frequentemente,
deve ser negociado como parte da brincadeira.
As crianças representam papeis sociais e usam roteiros que
encontram várias vezes em suas vidas cotidianas, na televisão ou nas
histórias. Ao mesmo tempo em que estão
representando seus papeis no mundo do faz-de-conta, as crianças estão também
fora dele, dando direções de cena uma a outra e comentando a ação.
Embora as crianças se baseiem em cenas familiares em seu
jogo sociodramático, os roteiros e os fenômenos sociais que eles representam
estão longe de serem imitações precisas.
Piaget minimizou a importância da brincadeira; para o
desenvolvimento cognitivo. Em sua opinião, a qualidade especial da brincadeira
durante o período pré-operatório deriva diretamente das características do egocentrismo.
Segundo suas próprias palavras, "Para o pensamento egocêntrico, a lei
suprema e a brincadeira" (Piaget, 1928, p. 401). Ele acreditava que as
crianças pudessem consolidar esquemas de ação que elas já haviam adquirido, mas
a natureza egocêntrica da brincadeira evita a ocorrência de novos níveis de
desenvolvimento. Ele declarou que uma vez que elas atingem o estágio das
operações concretas e seu egocentrismo diminui, o jogo sociodramático diminui à
medida que as crianças passam a se interessar por jogos com regras e tentam
distanciar-se daquelas "coisas de crianças pequenas".
Diferentemente de Piaget, Lev Vygotsky (1978) acreditava
que a brincadeira de faz-de-conta proporcionasse as crianças uma zona de
desenvolvimento proximal que lhes
permitisse pensar e agir de maneiras mais complexas do que é provável que
agissem fora de um contexto de brincadeira. Na vida real, as crianças dependem
dos adultos para ajuda-los, proporcionando-lhes as regras e cumprindo-as para
eles de pequenas maneiras. Vygotsky escreveu, "Na brincadeira, uma criança
está sempre acima da sua média de idade, acima do seu comportamento cotidiano;
na brincadeira, e como se ela fosse 20 centímetros mais altos do que é"
(p. 102). M. G. Dias e Paul Harris (1988, 1990) proporcionaram um apoio
interessante a ideia de Vygotsky de que a brincadeira cria uma zona de
desenvolvimento proximal em um estudo sobre a maneira corno o faz-de-conta
influencia a capacidade de raciocinar dedutivamente das crianças pequenas.
Atualmente, não ha razoes firmes para se afirmar que o jogo
sociodramático é essencial para o desenvolvimento normal. Quer cresçam em uma
sociedade que desvalorize a brincadeira de faz-de-conta e enfatize as
responsabilidades de trabalho das crianças, ou em uma sociedade que se esforce
muito para proporcionaras crianças pequenas a oportunidade de se envolver na
brincadeira de faz-de-conta, as crianças, em geral, são criadas para se tornar
membros competentes das suas sociedades.
UM RELATO SOBRE O PROCESSAMENTO DE INFORMAÇÃO DO DESENHO
A partir da perspectiva do processamento de informação, a crescente
sofisticação dos desenhos das crianças surge de uma combinação de habilidades
motoras finas melhoradas, maior conhecimento das regras e das convenções do
desenho, e uma maior capacidade para manter em mente vários aspectos da tarefa
do desenho (Willats, 1995). As crianças menores reduzem as três dimensões para
duas. Mais tarde, a terceira dimensão é parcialmente acrescentada, mas é
parcialmente reduzida a uma das outras duas, criando desenhos que parecem um
pouco ilógicos. Finalmente, as crianças adquirem maneiras de representar a
terceira dimensão (Willats, 1987). A partir de uma perspectiva do processamento
de informação, essa sequência segue diretamente o conhecimento crescente das crianças
das regras do desenho e da sua capacidade para recordar a necessidade de
representar todas as três coordenadas espaciais em seus desenhos.
O DESENHO COMO UM MODULA MENTAL
Embora o desenvolvimento da capacidade de desenhar das crianças, em
geral, passe por uma série de estágios que acabamos de descrever, algumas
exceções importantes sugerem que o desenho é um domínio cognitivo distinto e a
capacidade de desenhar pode ser modular em algumas condições.
UMA CONSIDERACAO SOBRE O DESENVOLVIMENTO DO DESENHO DO PONTO DE VISTA DO
CULTURALISMO
Uma visão culturalista do desenvolvimento do desenho concentra-se na
natureza culturalmente organizada dos processos que transformam o potencial das
crianças para o desenho, na execução real de tipos específicos de representações
significativas. Um indicador importante da natureza culturalmente organizada do
desenho da criança e encontrada nas maneiras como os adultos conversam com as
crianças sobre o que elas estão fazendo. Por exemplo, quando um adulto pergunta
a uma criança pequena "O que você está desenhando?", a própria forma
da pergunta supõe que há algo a ser desenhado e que a criança está tentando
representa-lo. Em resposta a pergunta, as crianças frequentemente seguem a
maneira como o adulto compôs o roteiro da interação, criando historias
posteriores sobre o que desenharam histórias que não estão ligadas a nada que
um adulto possa perceber no papel. No entanto, depois que as crianças
adquiriram alguma experiência, suas explicações dos seus desenhos tomam-se conectados
com a descoberta de que os traços que eles fizeram se assemelham a um objeto
real do mundo - mas essa descoberta só e feita depois que o desenho está
pronto. (Golomb, 1974).
A existência de atividades com roteiro para o desenho não contradiz a
possibilidade de haver um modulo mental para o desenho ou a ideia de que o
desenho passa por estágios de crescente complexidade. Em vez disso, sugere que
as maneiras como os adultos organizam a instrução proporciona oportunidades
essenciais para o potencial modular ser desencadeado e os estágios construídos.
RECONCILIANDO PERSPECTIVAS ALTERNATIVAS
As explicações acadêmicas dos fenômenos do pensamento das crianças
pequenas são reminiscências da parábola dos homens cegos sentindo um elefante
pelo tato: o homem que pega na tromba, acha que a criatura e uma cobra; o homem
que pega na perna, acha que a criatura e uma arvore e o homem que pega no rabo
tem certeza de que pegou uma corda. Na falta de um entendimento coordenado,
cada homem confunde sua parte com o todo, que é distintamente diferente das
partes. Parece que a irregularidade do pensamento das crianças pequenas e
comparável a irregularidade com que seu pensamento e explicado pelos psicólogos
do desenvolvimento.
As abordagens de processamento da informação são combinadas com a teoria
dos estágios piagetianas. A especificidade do domínio é amplamente aceita como
um fenômeno real, embora persistam os argumentos sobre a maneira precisa como
os domínios devem ser identificados e se a sua origem está na biologia (como
módulos ou restrições estruturais) ou na cultura (como atividades e contextos
culturais).
Precisamos manter em mente que o desenvolvimento psicológico total de uma
criança abrange bem mais que as habilidades restritas aqui expostas. Restam
ainda a explorar as maneiras como o pensamento das crianças pequenas influencia
na maneira de elas pensarem sobre si mesmas e de se comportarem como membros de
seus mundos sociais e nas maneiras como elas são influenciadas pelos locais de
atividade e os contextos culturais em que vivem.
DIFERENÇAS
INDIVIDUAIS NO COMPORTAMENTO AGRESSIVO
De
acordo com Coie e Dodge, 1998, algumas crianças parecem ser mais agressivas que
outras e ter mais problemas com o comportamento anti-social. Há uma evidência
substancial de que as crianças de três anos de idade se comportam de maneira
desafiadora e desobediente com adultos são agressivas com seus pares e que são
impulsivas e hiperativas têm uma probabilidade de ainda exibir esses problemas
na segunda infância e na adolescência. Vários estudiosos longitudinais revelam
que para os meninos em particular, quanto mais cedo começam a exibir esses
comportamentos problemáticos, maior a probabilidade de que continuem a se
comportar dessa maneira mais tarde na vida.
Os
pesquisadores hoje em dia, acreditam que a testosterona afeta indiretamente o
comportamento por afetar o nível de atividade de uma criança. Como já vimos, em
geral, os meninos têm níveis de atividade mais elevados que as meninas.
Outros
processos fisiológicos que parecem indiretamente tornar uma criança mais
agressiva que outra incluem diferenças nos níveis dos neurotransmissores o
funcionamento reduzido da serotonina tem sido associado ao comportamento
agressivo e diferenças na atividade do sistema nervoso. A probabilidade de uma
criança agir agressivamente pode também ser afetada por suas habilidades
mentais. O grau de precisão que se pode captar a perspectiva de outra pessoa,
por exemplo, determina com uma pessoa entende as interações sociais. As
crianças agressivas frequentemente interpretam as interações sociais de
maneiras negativas que evocam reações agressivas em contextos inadequados.
Em
relação à Frustração e a Cartase uma das crenças mais populares e persistentes
sobre agressão é que prover as pessoas com maneiras inofensivas de ser
agressivo vai reduzir suas tendências agressivas e hostis. Essa crença é
baseada na suposição de que, a menos que os impulsos agressivos sejam expressos
de uma maneira segura, eles aumentarão até explodir novamente.
Os
experimentadores descobriram que a frustração parece aumentar a agressão das
crianças. Os meninos que foram interrompidos aplicaram mais choques que as
outras crianças. Ao contrário da hipótese da catarse, no entanto , a
oportunidade de explodir não reduziu o comportamento agressivo dos meninos: os
meninos que atiraram nos alvos aplicaram tantos choques, quanto as crianças que
resolveram problemas aritméticos.
A
Punição também é outra crença comum sobre o comportamento agressivo é que ele
pode ser eliminado, se for punido sempre que ocorrer. Essa tática evita o
comportamento agressivo, em algumas circunstâncias, mas não sempre. Se a
punição for usada como um meio de socialização, é muito provável que ela se
reprima o comportamento agressivo se a criança se identificar muito com a
pessoa que lhe der a punição e se ela for empregada de maneira
consistente.
Como
as crianças pequenas, ás vezes, tornam-se agressivas para chamar a atenção, uma
estratégia recomenda para reduzir a agressão tem sido ignorá-la e só prestar
atenção ás crianças quando elas estão envolvidas em um comportamento
cooperativo. Uma maneira de os adultos empregarem essa estratégia é se colocar
entre as crianças envolvidas em uma altercação e prestar atenção apenas na
vitima, ignorando o agressor. O adulto
pode confortar a criança agredida, dar a criança algo interessante para fazer,
ou sugerir maneiras não agressivas para a vítima lidar com ataques futuros.
Outra
maneira de controlar a agressão é usar a razão. Embora, às vezes, seja difícil
sustentar uma discussão racional com uma criança de quatro anos de idade que
acabou de tomar um brinquedo de um coleguinha, essas discussões tem mostrado
reduzir a agressão mesmo nessa pouca idade.
Quanto
a Empatia, o estado psicológico que corresponde ao comportamento pró-social da
mesma maneira que a raiva corresponde à agressão é a empatia, o
compartilhamento das emoções e dos sentimentos de outra pessoa. Muitos
acreditam que a empatia proporciona a base essencial para o comportamento
pró-social. Segundo Martin Hoffman, uma criança pode sentir empatia por outra
pessoa em qualquer idade. No entanto, á medida que as crianças se desenvolvem,
sua capacidade de empatia aumenta e elas se tornam mais capazes de interpretar
e reagir adequadamente á aflição das outras pessoas. Hoffman propôs quatro
estágios no desenvolvimento da empatia. O primeiro estágio ocorre durante o
primeiro ano de vida. Como notamos anteriormente, bebês de apenas dois dias
ficam estressados e choram diante do som do choro de outro bebe. Durante o
segundo ano de vida, quando as crianças desenvolvem uma percepção de si
próprios como indivíduos distintos, suas reações a aflição dos outros muda.
O
terceiro estágio no desenvolvimento da empatia, que corresponde mais ou menos à
primeira infância, é provocado pelo crescente domínio da linguagem e de outros
símbolos por parte da criança. O quarto estágio no desenvolvimento da empatia,
ocorre entre idades de seis e nove anos. As crianças agora percebem não somente
que as outras pessoas têm sentimentos próprios, mas que esses sentimentos
ocorrem dentro de um conjunto maior de experiências. As crianças nesse estágio
começam a se preocupar com as condições gerais dos outros, com sua pobreza com
a opressão, doença ou vulnerabilidade e não apenas com suas emoções
momentâneas.
Talvez
por estar tão intimamente ligada ao que as crianças entendem, a explicação de
Hoffman do desenvolvimento da empatia tende a ignorar a maneira como elas se
sentem. È tacitamente assumido que quanto mais às crianças entendem, mais
interessante adotam os sentimentos da pessoa que está aflita.
Onde
se fala das evidências sobre o desenvolvimento dos comportamentos pró- sociais,
é ressaltados que vários estudiosos documentam o desenvolvimento de
comportamento pró-sociais como compartilhar, ajudar, cuidar e mostrar
solidariedade já no segundo ano de vida, outra evidência sobre o
desenvolvimento do comportamento pró-social vem de observações de crianças pequenas,
quando elas acompanham os pais em suas rotinas de atividades diárias,
frequentemente tentando ajudá-los.
Os
adultos, evidentemente são ansiosos para encorajar o comportamento pró-sociais
das crianças. Joan Grusec (1991) observou crianças em seus lares, descobriu que
as recompensas não são eficientes para melhorar o comportamento pró-sociais das
crianças de quatro anos de idade. As crianças dessa idade que estavam mais
inclinadas a agir de maneira pró-social eram aquelas que não recebiam
reconhecimento por seus atos pró-social. Esses resultados contrastam muito com
os efeitos de agressão socialmente compensadora.
O
desenvolvimento de emoções secundárias, qualitativamente novas, é uma das
principais mudanças associadas com a transição da fase de bebê para a primeira
infância. Orgulho, vergonha e constrangimento, as emoções sociais,
autoconscientes, agora se unem a raiva, a alegria e a outras emoções primárias
para permitir a participação em relacionamentos sociais novos e mais complexos.
Para
controlar eficazmente suas emoções, as crianças precisam aprender a
modificá-las a luz de uma avaliação cognitiva do que está acontecendo. Em geral
para se tornarem membros socialmente competentes do seu grupo social, as
crianças pequenas precisam aprender a interpretar os estados emocionais
daqueles que as cercam, adquirir métodos pra modificar suas próprias emoções e
aprender como mascarar suas verdadeiras emoções, quando a situação assim o
requer.
Até
os bebês muito pequenos são capazes de, até certo ponto, modular suas emoções.
Eles se aquietam chupando os dedos, uma chupeta ou a ponta de uma coberta, ou
até mesmo se balançando. Outra fonte de evidência sobre o desenvolvimento da
capacidade das crianças para regular suas emoções, e também suas ações, são as
situações em que elas precisam resistir a tentação.
Lisa
Bridges e Wendy Grolnick (1995) levaram crianças de três anos e meio a quatro
anos e meio a visitar uma sala na qual veriam brinquedo muito interessante, mas
lhe foi dito que não brincassem com ele. Uma das estratégias que as crianças
usaram para controlar seu interesse pelo brinquedo proibido foi reconduzir sua
atenção para outros brinquedos e brincar com eles de uma maneira concentrada.
Essa estratégia, que os pesquisadores chamaram de envolvimento ativo, raramente
foi usada por crianças com menos de dois anos de idade. No entanto, entre os
dois e meio e cinco anos de idade, as crianças tornam-se mais capazes de se
distrair diante da tentação, usando o envolvimento ativo para se controlarem.
A
capacidade para exibir as emoções de uma maneira socialmente adequada requer
que as crianças controlem a expressão das suas emoções. As crianças pequenas
não exibem essa habilidade. Elas comunicam suas emoções diretamente,
independentes das circunstâncias.
Em
relação ao controle das emoções e competência social, a habilidade crescente
das crianças para interpretar as emoções dos outros e controlar sua própria
expressão emocional é medida em termos da competência socioemocional, ou seja,
a habilidade para se comportar adequadamente em situações sociais que evoquem
fortes emoções. Nos últimos anos, os psicólogos desenvolveram métodos pra
categorizar e comparar as crianças em termos do seu nível de competência
socioemocional e para investigar os fatores que a promovem. Esses métodos
conduziram a criação de programas sociais experimentais para melhorar a
competência das crianças que estão tendo dificuldade para aprender a se
comportar de uma maneira aceitável, nesses programas, são explicitamente
ensinados as crianças métodos para reagir a agressão de maneiras aceitáveis,
para empatizar com as outras pessoas e para manter uma interação positiva com o
grupo.
Portanto,
quando as crianças se envolvem em atos de compartilhamento e conforto, elas
revelam sua capacidade para conhecer o estado mental de outra pessoa. Ao mesmo
tempo, estão exibindo suas personalidades, como parte do processo da formação
de personalidade dentro do grupo social, os pontos fortes e fracos, os
interesses e as oportunidades de cada individuo conduzirão a uma diferenciação
crescente entre o eu e os outros. Até as crianças pequenas são expostas a uma
grande variedade de influências sociais e prescrições culturais, é ao lidar com
a variedade de circunstâncias concretas que estruturam suas experiências
cotidianas que as crianças criam a síntese da cognição e da emoção chamada
personalidade e que adquirem suas identidades sociais.
O IMPACTO DA POBREZA NA CRIAÇÃO DOS
FILHOS
A pobreza toca todos os
aspectos da vida familiar: a qualidade do alojamento e do cuidado à saúde, o
acesso à educação e aos locais de recreação, e até a própria segurança, quando
se anda pela rua. A pobreza afetar a abordagem dos pais à criação dos filhos.
Outra maneira importante como a pobreza influência a paternidade/maternidade é
o aumentando o nível de estresse dos pais, os pais que estão sob estresse são
menos protetores, têm maior probabilidade de recorrer à punição física e são
menos consistentes quando interagem com seus filhos.
Os tipos de estresses
documentos por Forgatch e Wieder não são de modo algum restrito às famílias que
vivem na pobreza, mas a pobreza torna essas fontes universais de estresse mais
sérias porque aumentam a probabilidade da família ficar simultaneamente sob
pressão dessas fontes. A pobreza também reduz a probabilidade da família vir a
ter os meios para lidar com estresses múltiplos.
Embora estresses
múltiplos e recursos escassos ofereçam uma explicação para os estilos de
paternidade/maternidade orientados para obediência, esses não são os únicos
fatores. Vários estudos mostraram que o tipo de trabalho dos pais está
diretamente relacionado ao seu estilo de interação com seus filhos em casa. A
ocupação da classe media requerem a capacidade para trabalhar sem supervisão de
perto. As ocupações tradicionais de classe trabalhadora, em contraste, exigem
obediência e pontualidade. Ao mesmo tempo, os efeitos das ocupações da classe
trabalhadora tradicional sobre a socialização familiar criam obstáculos
adicionais – falta de iniciativa e de independência – que as crianças pobres
têm de superar se quiserem melhorar sua situação socioeconômica. Robert Halpern
chama atenção para o problema quando observa que o tipo de educação dos filhos
que os psicólogos de classe média recomendam que envolva discussão e raciocínio
junto com as crianças, pode não ser apropriado para as circunstâncias de vida
real das pessoas pobres.
A
FAMILIA EXTENSIVA E AS REDES SOCIAIS
Muitos estudiosos têm
descoberto que uma fonte de recursos para a resolução de problemas e redução de
estresse para as crianças pequenas e pobres dos grupos minoritários é a família
extensiva. Uma família extensiva é aquela em que não somente os pais e seus
filhos, mas outros familiares avós, primos, sobrinhos ou parentes mais
distantes compartilham um lar. Em alguns casos, uma família extensiva envolve
filhos que foram enviados para passar algum tempo com amigos de confiança, com
sócios nos negócios ou com os avós.
Os pesquisadores
identificam duas fontes importantes para formação de uma família extensiva:
tradições culturais e dificuldade econômica. Muitos estudiosos consideram a
família extensiva uma estratégia natural para liar com as desvantagens combinadas
de renda baixa e posição social inferior.
A evidência de que as
relações familiares extensivas ajudam a proteger as crianças contra os efeitos
prejudiciais da pobreza levou os psicólogos a enfatizar a importância das redes
sociais na moldagem dos comportamentos dos pais em relação a seus filhos.
Quando as famílias pobres são isoladas de suas comunidades e especialmente
quando mulheres jovens e solteiras tentam criar seus filhos em um sistema de
apoio social, as crianças ficam particularmente em situação de risco. Em
contraste, as mães jovens que pertencem a uma rede social que lhes permite
interagir regularmente com amigos e vizinhos e se envolver com atividades como
frequentar a igreja e participar de eventos comunitários criam seus filhos de
uma maneira mais protetora e sensível.
OS
MEIOS DE COMUNICAÇÃO LIGANDO A COMUNIDADE E O LAR
Os pais não são de modo
algum os únicos na casa que moldam o comportamento das crianças. As crianças
são influenciadas pelos irmãos e irmãs e, as vezes, por avós, tios, tias e
primos, assim como por pessoas que encontram na vizinhança, ou que vão até suas
casas prestar serviços ou trazer noticias do mundo exterior. O mundo exterior
também entra em casa através de cartas, livros, revistas, jornais, radio,
televisão, fitas de vídeo, CDs, internet, etc.
A absoluta magnitude da
imersão das crianças nos meios de comunicação modernos torna importante
entender o papel que a experiências com esses meios desempenha em seu
desenvolvimento. Mas a questão há muito tem sido, e continua sendo,
controvertida.
A
FORMA DAS PRIMEIRAS EXPERIÊNCIAS DA ALFABETIZAÇÃO
Uma importante classe
de experiências que contribui para a alfabetização emergente é ler para a
criança.
Quando as crianças são
muito pequenas, os adultos podem precisar dar nome aos objetos e aceitar
qualquer tipo de contribuição por parte da criança. Quando o conhecimento da
criança aumenta, os adultos ajudam menos durante a progressão da atividade.
Em um estado de três
grupos realizado em uma cidade da Carolina do Norte, Shirley Brice Heath
descobriu que a maneira como os adultos estruturam as atividades de leitura
difere segundo a classe social e a origem social da família. Como se sabe que
essa realização é importante na aprendizagem da leitura e como o programa tem
sido eficiente em uma ampla variação de origens familiares, Whitehurst e seus
colegas sugerem o ensino da leitura dialógica aos pais como um meio de
promover a prontidão de leitura das
crianças.
O
CONTEÚDO ADEQUADO PARA CRIANÇAS PEQUENAS
Apesar da orientação,
geralmente positiva, que os adultos têm com relação aos livros e à leitura, os
livros que têm sido tradicionalmente lidos para as crianças, às vezes, são
criticados. A maior parte das histórias das histórias de fadas e das lendas foi
criada séculos antes da infância ser considerada um período “inocente” e
especial da vida e antes de qualquer literatura especial ter sido criada para
crianças.
Outra queixa frequente
sobre o conteúdo de muitos livros infantis é que eles ignoram ou representam
mal alguns grupos étnicos e raciais, as mulheres e as pessoas pobres e de
classe operária.
Quando passamos dos
livros e da leitura para o assistir a televisão, as preocupações sobre o
conteúdo a forma das experiências
infantis são semelhantes em alguns aspectos, mas diferentes em outros. Em
geral, o papel da televisão no desenvolvimento é encarado com preocupação.
O
QUE É REAL
Uma preocupação
especial sobre assistir televisão é que as crianças pequenas facilmente
confundem o faz-de-conta da TV com a realidade. Parece razoável presumir que
sua confusão aumenta quando eles assistem a programas de entretenimento na
televisão, em que pessoas reais são mostradas envolvendo-se em comportamentos e
eventos que poderiam realmente estar acontecendo.
A confusão sobre a
realidade da televisão não é restrita às crianças. De vez em quando, lemos
sobre um adulto irado atacando um ator que retrata um mau caráter em uma
novela. Mas o problema é mais agudo para as crianças pequenas, pois elas têm
pouco conhecimento independente do mundo, com o qual comparam o que veem na
televisão.
O
PROBLEMA DO CONTEÚDO DA TELEVISÃO
As preocupações sobre a
influência do conteúdo da televisão sobre o desenvolvimento das crianças fazem
eco aquelas que aparecem nas discussões sobre o conteúdo da literatura
infantil, mas são muito mais proeminentes. Duas preocupações especiais são os
estereótipos sociais encontrados na TV e a prevalência da violência
dramatizada.
O estereótipo na televisão
preocupa porque pode criar ou manter atitudes negativas entre os grupos e pode
influenciar as atitudes das crianças pequenas com relação ao seu lugar na
sociedade. Mesmo assim, os estudiosos que se especializam no estudo da
televisão e em seus efeitos são cuidadosos em reconhecer as ambiguidades que,
necessariamente, acompanham os dados correlacionados.
INFLUÊNCIAS
FAMILIARES
A preocupação sobre os
possíveis efeitos negativos sobre as crianças de assistir televisão conduziu a
repetidas sugestões de que os pais assumam um papel ativo na supervisão das
experiências de seus filhos com a televisão. À luz dos dados que indicam os
benefícios positivos do envolvimento dos pais nos programas de televisão
assistidos por seus filhos e das profundas preocupações sobre a maneira como a
televisão penetra em tantos aspectos do “nicho ecológico” da criança em
crescimento, alguns psicólogos do desenvolvimento criaram intervenções
especiais para ajudar os pais a superar o que eles encaram como sendo os efeitos
prejudiciais desse meio de comunicação. O objetivo dessas intervenções é
maximizar o potencial educacional que a televisão pode proporcionar e, ao mesmo
tempo, minimizar o potencial prejuízo decorrente de assistir a eventos
violentos e ameaçadores.
A
CRIANÇA PEQUENA NA COMUNIDADE
Enquanto os pais
permanecem em casa com seus filhos pequenos, eles conseguem manter um controle
relativo direto sobre as influências externas, até mesmo a influencia da TV.
Mas, quando os pais deixam seus filhos aos cuidados de outras pessoas, durante
varias horas por dia, a natureza desse controle, sem falar na natureza das
experiências de seus filhos, muda de uma maneira decisiva. Nos Estados Unidos e
em outros países industrializados, uma das tarefas mais importantes que os pais
enfrentam é escolher a escola de educação infantil que vai proporcionar a educação
de seus filhos durante essas horas.
CUIDADO
DOMICILIAR
Como o cuidado da
criança em casa é privado, sabe-se relativamente pouco sobre ele. Um estudo
comparando vários tipos de cuidado infantil confirmou o que o senso comum
poderia levar alguém esperar. As crianças cuidadas em casa experimentam a menor
mudança d rotina normal: comem comidas proporcionadas por seus pais e sesteiam
em suas próprias camas. Também entram em contato com relativamente poucas
crianças da sua própria idade.
CUIDADO
FAMILIAR
O cuidado familiar
frequentemente expõe as crianças não somente a cuidadores de fora do circulo
familiar, mas também a novos ambientes e a crianças de outras famílias. As
crianças que recebem cuidado familiar variam muito da idade, formando um grupo
social mais diverso do que é provável existir em casa. Entretanto, a rotina das
atividades no cuidado familiar é, em geral, muito semelhante à rotina em casa.
Os lares de cuidado
familiares não autorizados, que compõe a grande dos lares de cuidado familiar,
tendem a proporcionar um cuidado de qualidade inferior aquele dos lares
autorizados. Os observadores descobriram que os provedores de cuidado não
autorizados têm menor probabilidade que os autorizados de proporcionar
conforto, estímulo verbal e orientação às crianças sob seus cuidados.
CRECHES
As creches autorizadas,
geralmente, oferecem uma variedade mais ampla de experiências de aprendizagem
formal do que o cuidado familiar ou domiciliar, e têm maior probabilidade de
empregar, pelo menos, um cuidador treinado. No entanto, as listas de espera por
lugares nas escolas de educação infantil, sobre tudo nas creches, tendem a ser
longas, pois a demanda excede muito as vagas disponíveis.
De acordo com as
diferenças de classe nos modos de maternidade/paternidade, descobriu-se que a
maior parte dos pais de classe operária prefere creches mais parecidas com a
escola, enquanto os pais de classe média provavelmente escolhem as creches
menos estruturadas nesse sentido.
IMPACTO
NO DESENVOLVIMENTO SOCIAL
As crianças que
frequentam creches nos Estados Unidos tendem a ser mais autossuficientes e mais
independentes dos pais e dos professores, mais solícitas e cooperativas com os
colegas e com as mães, a exibir maior expressão verbal, maior conhecimentos
sobre o mundo social e a ficar mais à vontade em situações novas do que as
crianças que frequentam escolas de educação infantil.
Não é necessário
procurar uma explicação dos efeitos da creche no desenvolvimento social. Além
disso, as crianças que recebem cuidado diário precisam aprender a interagir bem
com vários outras crianças pequenas, muitas vezes quando os adultos presentes
estão ocupados demais para negociar disputas.
As interações entre as
crianças de centros de educação infantil escolas podem influenciar seu comportamento
social, em geral, que ocorrem em torno de uma atividade compartilhada, como
brincar com jogos de imaginação ou construir com blocos. A fragilidade desses
grupos requer que as crianças aprendam como obter acesso ao grupo ou enfrentar
a perspectiva de brincar sozinhas.
AS
PRÉ-ESCOLAS E A “GUERRA À POBREZA”
Na década de 1960,
vários fatores científicos e sociais combinaram-se para criar grande interesse
no potencial das escolas de educação infantil para aumentar as oportunidades
educacionais dos pobres.
Essa combinação de
fatores sociais, políticos e científicos levou o Congresso norte-americano a
declarar uma “guerra à pobreza” em 1964. Um dos principais programas nesse ano
foi o Projeto Head Start. Seu propósito era intervir no ciclo da pobreza em um
momento crucial nas vidas das crianças, proporcionando-lhes importantes
experiências de aprendizagem que, do contrario, elas poderiam perder.
Essa estratégia de
reforma social através da educação na primeira infância baseava-se em três
hipóteses fundamentais:
·
As condições ambientais em lares do
nível de pobreza são suficientes para preparar as crianças para serem bem
bem-sucedidas na escola.
·
O ensino é o mecanismo social que
permite às crianças terem sucesso na nossa sociedade.
·
Se lhes fosse proporcionada assistência
extra nos anos de pré-escola, as crianças pobres poderiam obter sucesso na
escola e, assim, superar sua pobreza.
Originalmente concebido
como um programa de verão, o Head Start logo começou a ser operado o ano todo, atingindo
aproximadamente duzentas mil crianças de escolas de educação infantil de uma só
vez.
O
FUTURO DOS PROGRAMAS COMPENSATÓRIO DEE EDUCAÇÃO INFANTIL
O Head Start e outros
programas compensatórios de educação infantil enfrentam um futuro incerto nos Estados
unidos. Duas objeções importantes foram levantadas à propagação de programas
compensatórios de educação infantil. Em primeiro lugar, há a questão de quanto
dinheiro publico deve ser gasto.
Apesar da incerteza
sobre os efeitos de longo prazo e o custo-eficiência do programa Head Start, há
razões para se acreditar que o programa pode continuar a desempenhar um papel
nos esforços do governo para apoiar as crianças.
NO
LIMIAR
Este capitulo não
examinou de modo algum todos os contextos que influenciam significativamente o
desenvolvimento da própria infância: as crianças pequenas também aprendem com
passeios na praia, idas ao parque, frequência à igreja, visitas ao consultório
medico e idas ao mercado. Cada novo contexto traz consigo novos desafios sociais
e intelectuais à medida que as crianças, pouco a pouco, vão adquirindo um
entendimento mais profundo do seu mundo e do seu lugar dentro dele.
Reconhecer a influencia
do contexto no desenvolvimento da primeira infância nos ajuda a perceber o
destaque variável que cada criança pequena apresenta ao mundo. Mas, as
dificuldades são particularmente agudas no inicio da primeira infância, porque
as crianças pequenas sabem muito pouco sobre o funcionamento da sua cultura.
No final da primeira
infância, o vocabulário das crianças e o comando das formas gramaticais
aumentam bastante. Elas têm um maior conhecimento de uma grande variedade de
contextos e uma percepção mais sofisticada de si mesmas, e são muito mais
competentes para pensar sobre o mundo, para se controlar e para lidar com as
outras crianças. Dessas e de muitas outras maneiras, elas indicam um preparo
para se aventurar em novos ambientes, para assumir novos papeis sociais e para
aceitar as responsabilidades adicionais que as esperam quando entram na segunda
infância.
Academicas: kleia Taglieber Monte, Pamela Carla, Gabriela Santos dos Santos, Priscila Ferreira, Vanessa de Souza Vieira, Veridiana de Araujo.
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