AQUISIÇÕES
COGNITIVAS E BIOLÓGICAS DA SEGUNDA INFÂNCIA
Na
descrição antropológica de uma grande variedade de cultura indiana que crianças
atingem de cinco a sete anos, não estão mais restritas ao lar ou ao ambiente
onde são cuidadosamente observadas pelos adultos, em vez disso tornam-se
responsáveis pelos seus comportamentos em vários novos contextos, mas essa
visão varia de uma sociedade para outra. Exemplo
nas Guatemala montanhas.
As
crianças saem sozinhas para atividade solidária bem longe do olhar da mãe.
Já
nos Estados Unidos, as crianças passam longas horas na escola recebendo uma
educação formal.
É fundamental para a capacidade
das criançaas em administrasr novos contextos na segunda infância, a aquisição
das habilidades biológicas e cognetivas para dar suporte as suas recem
outorgada autonomia e responsabilidades para pensar de maneira diferente, mais
profunda e lógica para solucionar um problema uma vez que ele passe a ser seu
encargo e para manter o controle de mais de um aspecto em uma situação ao mesmo
tempo.
Neste capítulo, concentra-se na
importância desenvolvimental das novas relações sociais que emergem durante a
segunda infância, particularmente entre os pares nessa fase, a criança é
encontrada pelo mundo.
Em muitas socieddades os adultos
começam ater expectativas quando seus filhos se aproximam dos seis anos de
idade, com as mudanças dos primeiras dentações, as crianças já dixam
asbrincadeiras infantis e começam a aprender novas habilidades que serão
essenciais quando elas crescerem, e que elas entendam seu lugar e assumam
responsabilidades.
Em suma, conseguem realizar suas
tarefas independentemente resistir á tentações de abandona-los e formular
objetos.
Enfrentando o aumento da liberdade
e da responsabilidade
Uma das melhores maneiras de
adquirir uma percepção de como a vida das crianças se modificam, quando elas
entram na segunda infância , é observar como e onde elas passam seu tempo, suas
atividades variadas e os contextos em que elas ocorrem, proporcionando novos
desafios para o desenvolvimento da habilidades cognitivas e sociais.
Desenvolvimento
Biológico
|
Como
todos os aspectos do desenvolvimento, o crescimento das crianças depende da
interação de fatores ambientais e genéticos. Pais altos tendem a ter filhos
altos e a contribuição genética para o tamanho também pode ser observada nas
variações na altura e no índice de crescimento típicos das diferentes
populações. As crianças de classe mais baixa, que têm menos acesso a
alimentação adequada e a boa saúde, são, em geral, menores que as crianças da
mesma idade de famílias abastadas.
Em
média, os meninos tendem a ser um pouco mais avançado nas habilidades motoras
que requerem força e poder, enquanto as meninas frequentemente, são excelentes
nas habilidades motoras finas. Os meninos tendem a ter a massa muscular um
pouco maior que a maioria das meninas.
E
em todas as culturas é muito mais verdadeiro para os meninos que para as
meninas que aqueles que são considerados bons atletas são mais populares com
seus pares do que aqueles que não exibem habilidades atléticas.
Os
anos entre os seis e os oito testemunham o crescimento continuado do cérebro e
o desenvolvimento de tipos específicos de funcionamento cerebral que podem
indicar mudanças nas habilidades cognitivas: a mielinização, particular no
córtex frontal, continua a aumentar na idade adulta; o número de sinapses nas
extremidades dos neurônios aumenta, criando mais conexões entre os neurônios;
os padrões de atividades do cérebro medidos por um EEG(eletroencefalograma)
sofrem uma mudança dramática; sincronização da atividade elétrica em diferentes
áreas do cérebro, chamada coerência EEG, aumenta significativamente,
possibilitando a diferentes partes do corpo funcionar de maneira mais eficaz
como sistemas coordenados.
Uma nova qualidade da mente
Quando passamos para a segunda
infancia surge naturalmente a questão do desenvolvimento cognetivo ou seja as
crianças torna-se “bidirecional”, onde
elas conseguem pensar dobre os objetos a paritr de mais de uma perspectiva, ou
podem manter em mente uma característica
de uma situação, comparando como outro,
e a capacidade para manter as duas coisas ao mesmo tempo na mente, em
uma ampla variedade de contextos que permitem aos pais fazer novas exigências a
elas e lhe dar maior liberdade.
Piaget chama essa forma de
OPERAÇÃO CONCRETAS, do pensamento, ações mentais coordenadas que se ajudam a um
sistema lógico de uma maneira que cria maior unidade de pensamento. As operações
concretas permanecem concretas no sentido quer sendo ações mentais, elas se
dirigem para objetos concretos nas atividades cotidiana, as operações são
destinguidas das pré- operações em virtude da sua bidirecionalidade.
O mundo físico torna-se mais
prevísivel porque a criança passa a entender que alguns aspectos físicos dos
objetos ,tais como tamanho, densidade, extensão e número.
-CONSERVAÇÃO, o termo usado para compreender de que
algumas propiedades de um objeto ou substância permanecem as mesmas, mesmos
quando sua aparência é alterada.
Segundo Piaget a
criança domina interamente o princípio da conservação por volta dos oito anos
de idades. Os argumentos seguintes, mostram que entemdem os relacionamentos
lógicos envolvidos.
-IDENTIDADE; Uma operação mental em que a criança percebe que uma mudança limitada a
aparência externa não muda as substâncias envolvidas.
-COMPENSAÇÃO; Uma operação mental wm que a criança percebe
que as mudanças em um aspectos de um problema são comparados por mudanças em
outro.
-REVERSIBILIDADE; Uma operação mental em que a criançã
percebe queum aoperação pode ser negada ou revertida pelos efeitos do outro.
Vários estudiosos do desenvolvimento
têm sugerido que se os pesquisadores conhecessem bem a língua e a cultura
local, entretanto, a evidência também mostra que há variações culturais
dramáticas na familiaridade das crianças com os conteúdos.
O
Que Provoca Mudanças Desenvolvimentais no Raciocínio?
A
idéia de que as crianças se desenvolvem cognitivamente adaptando seus
entendimentos presentes a novas experiências parece ser bastante consensual,
mas muitos teóricos acham que ela mostra pouca compreensão das especificidades
do desenvolvimento cognitivo. Buscando outras explicações para a emergência do
pensamento bidirecional na segunda infância, muitos pesquisadores do
desenvolvimento, recentemente, concentraram em fenômenos cognitivos como,
capacidade aumentada da memória, conhecimento acumulado e desenvolvimento de
estratégias cognitivas, a importância do que há muito tem sido enfatizado pela
perspectiva do processamento da informação.
Segundo muitos
pesquisadores do desenvolvimento, a bidirecionalidade do pensamento é provocada
por um aumento na capacidade da memória que permite às crianças conservar na
mente dois ou mais aspectos de um problema, enquanto eles estão sendo
processados.
Quatro
fatores, parecem trazer à memória mudanças características desse período: (1)
um aumento na velocidade do processamento da memória e da capacidade da
memória; (2) um aumento no conhecimento sobre os eventos que uma pessoa está
tentando lembrar; (3) a aquisição de estratégias eficientes para lembrar; e,
(4) o surgimento da capacidade para pensar sobre os próprios processos de
memória.
Combinando o Desenvolvimento da
Memória e os Estágios Lógicos
|
Os
problemas apresentados às crianças de 6, 8 e 10 anos de ideia, porque a
pesquisa anterior mostrou que embora as crianças de 4 anos de idade consigam
contar e consigam fazer julgamentos sobre se um dado conjunto de objetos é
“muito” ou “pouco”, elas são incapazes de integrar essas duas operações mentais
em um único sistema ou responder perguntas como “quanto é mais, 4 ou 5?”.
Os
teóricos piagetianos quanto os neopiagetianos encara o desenvolvimento
cognitivo como ocorrendo em mudanças que se processam por meio de estágios. Os
piagetianos encaram o desenvolvimento em termos de mudanças amplas, os
neopiagetianos encaram o desenvolvimento em termos de estágios específicos do
domínio. Ambas as perspectivas esperam encontrar consistências do pensamento nos
estágios que delineiam.
Uma
concepção muito diferente da natureza das mudanças cognitivas é assumida por
aqueles influenciados pela perspectiva de processamento de informação. Robert
Siegler, por exemplo, criticou a visão de estágios tendo como base os estudos
da descoberta e do uso de estratégias por parte das crianças para resolver
problemas intelectuais, ele descobriu que, em qualquer idade e em qualquer
situação de teste, as crianças usaram estratégias diferentes para resolver o
mesmo problema.
Processos Adicionais da Transposição
Cognitiva
Desde
os primeiros dias de vida, as crianças observam eventos incomuns em seu
ambiente que “captam” seu interesse. Depois da fase de bebê, há um aumento
constante tanto na qualidade da atenção quanto na quantidade de tempo que as
crianças observam os objetos que lhe interessam. Em comparação com as crianças
de três anos de idade, as de cinco anos prestaram menos atenção à simples
exploração de objetos e, mais ainda, a tentar construir algo com os objetos e a
resolver problemas. A capacidade para se concentrar no que estão fazendo não é
o único aspecto da atenção das crianças, que se desenvolve durante a primeira e
a segunda infância.
|
O
desenvolvimento das habilidades metacognitivas proporciona as crianças recursos
cognitivos importantes. À medida que as habilidades metacognitivas aumentam, as
crianças são mais capazes de reconhecer as formas bem-sucedidas para alcançar
seus objetivos, e isso lhes permite modificar suas estratégias de forma que
elas sejam ainda mais bem-sucedidas. Essas habilidades metacognitivas são
especialmente importantes para as crianças quando elas se deparam com tarefas
de aprendizagem complexas na escola.
O desenvolvimento da linguagem e da
classificação
O
desenvolvimento continuado e rápido de várias habilidades de linguagem é
essencial às diferenças cognitivas que emergem entre a primeira e segunda
infância. As mudançasna esfera da linguagem assumem muitas formas. O
conhecimento do vocabulário em expansão das crianças, combinado com suas
habilidades em desenvolvimento para entender e produzir sentenças complexas,
aumenta a complexidade dos eventos sobre os quais elas conseguem pensar e se
comunicar de maneira eficiente
Outra
importante mudança na organização do conhecimento categorizado é a capacidade
para categorizar objetos segundo critérios múltiplos. O aumento do conhecimento
linguisticamente codificado das crianças é acompanhado por um desenvolvimento
geral em várias outras habilidades relacionadas à linguagem, que tem uma
relação direta com o poder e a confiabilidade do pensamento durante a segunda
infância.
Reconsideração dasmudanças
cognetivas na segunda infância
Considerando uma de cada vez,as
mudanças nas habilidades cognetivas das crianças entre a primeira e a segunda
infancia, apontam para aaspectos específicos dos processos de pensamentos das
crianças que estão se tornando mais sistemáticos e podem ser aplicados em uma
maoir variedade de ambiente.
Quando consideramos essa mudanças
como parte de um conjunto e não como realizações isoladas, começamos a obter
uma idéia melhor, razões porque os adultos podem começãr a tratar as crianças
de maneira diferente durante a segunda infância.
A Escola
e o Desenvolvimento na Segunda Infância
Em
muitas partes do mundo moderno, a lei exige que as crianças freqüentem a escola
dos 6 aos 16 anos. Por passarem tantas horas em salas de aula a escola
desempenha um papel fundamental na definição das características das crianças
na segunda infância e na moldagem de suas vidas posteriores.
As
crianças que não conseguem sucesso na escola ou que saem da escola podem, como
adultos, serem confinadas a trabalhos menos interessantes, menos seguros e
menos bem pagos do que as crianças que correspondem às expectativas da
sociedade, terminando o ensino médio em níveis mais elevados de educação.
Os
Contextos nas quais as Habilidades são Ensinadas
Uma
maneira de conseguir que as crianças adquiram habilidades e conhecimento dos
adultos é através da educação. Educação é uma forma de socialização em
que os adultos se envolvem no ensino deliberado dos jovens para garantir sua
aquisição de conhecimento e habilidades especializadas. Não se sabe se existia
educação entre os povos caçadores e coletores que viveram na terra centenas de
milhares de anos atrás, mas o ensino
deliberado não é uma parte conspícua da socialização nas sociedades
contemporâneas de caça e coleta.
Quando
as sociedades atingem um certo grau de complexidade e especialização nos papéis
desempenhados pelas pessoas, nas ferramentas que usam e nas maneiras como
conseguem alimentos e habitação, é provável que o preparo para algumas
ocupações assuma a forma de aprendizado, uma forma de atividade
intermediaria entre a socialização implícita da vida familiar e comunitária e a
instrução explicita da educação formal.
As
primeiras formas de ensino formal remontam a cerca de 4000 a.C., no Oriente
Médio, quando mudanças na tecnologia possibilitaram que um setor da população
plantasse alimentos suficientes para sustentar um numero grande de pessoas alem
deles próprios. Essa mudança possibilitou uma divisão substancial de trabalho e
o desenvolvimento de cidades-estados.
O
ensino difere do ensino informal na família e do treinamento do aprendizado de
quatro maneiras principais (Lave e Wenger, 1991; Singleton, 1998).
1.
Motivação: Os alunos devem trabalhar durante
anos para aperfeiçoar suas habilidades antes de poderem pôr em pratica o seu
conhecimento no trabalho adulto.
2.
Relações sociais: Diferentemente dos mestres dos
aprendizes, os professores das escolas, têm um papel na formação dos seus
pupilos, que separa a educação das obrigações de parentesco e das contribuições
econômicas.
3.
Organização social: Os aprendizes têm maior probabilidade
de aprender em um ambiente de trabalho entre pessoas de diversas idades e
níveis de habilidades, de modo a terem mais de uma pessoa para recorrer em
busca de ajuda.
4.
Meio de ensino: A aprendizagem é conduzida oralmente
no contexto da produção. A fala é também importante para o ensino formal,
requer que as crianças adquiram habilidades e conhecimento através da
manipulação de símbolos escritos.
Consideradas
juntas, essas diferenças transformam o ensino como um contexto cultural
especial e que pode ter profundas implicações para o desenvolvimento das
crianças.
Alfabetização
e Ensino nos Tempos Modernos
Só no século XIX as sociedades
começaram a instituir o ensino obrigatório e se esforçar para difundir a
alfabetização. A educação em massa
era destinada à grande maioria das crianças da classe trabalhadora. Ela
enfatizava o “domínio do básico”, porque não esperava que a classe trabalhadora
usasse a alfabetização ou a numeração para propósitos complexos.
Em contraste, as crianças da elite
política e econômica e um número crescente de crianças entre as classes
profissionais de crescimento rápido recebiam uma educação liberal, em que o
ensino individual era ministrado por um tutor ou acontecia em pequenos grupos.
Esperava-se que essas crianças fossem alem do “básico” e dominassem temas mais
complexos.
A vida contemporânea requer que
todas as crianças atinjam um nível de educação igual ou superior aos níveis
antigamente reservados às pequenas elites.
O fracasso na escola é mais que um
problema pessoal para as crianças cujo desenvolvimento é restrito devido ao
desempenho acadêmico deficiente. É, também, um problema político e econômico,
devido às suas implicações para a sociedade como um todo.
Adquirir Habilidades acadêmicas
Desde as primeiras escolas do
Oriente Médio ate as escolas de bairro de todo o mundo ocidental, o ensino na
escola tem se concentrado entre a linguagem escrita e a matemática. Entretanto
tem havido muita controvérsia sobre a maneira de planejar mais eficiente o
ensino.
Aprendendo a ler
Há um amplo acordo entre psicólogos
e educadores de que a leitura não é uma habilidade unitária, mas um sistema
complexo de habilidades e conhecimentos coordenados (Snow et al., 1998).
Os elementos específicos que devem
ser dominados para a aquisição da habilidade de leitura dependem da maneira
como a ortografia da linguagem escrita esta relacionada com a linguagem falada.
Pré-leitura:
Compreender que há uma correspondência entre as marcas na pagina impressa e a
linguagem falada.
O processo de estabelecimento de
correspondência entre a letra e o som é chamado de decodificação. As crianças precisam também aprender a compreender o
que lêem.
Consciência
fonêmica é quando a criança aprende a ouvir os fonemas.
Processamento de baixo para cima versus
de cima para baixo
Ler a palavra primeiro decodificando
as letras que compõem as palavras é chamado de “de baixo para cima”. E a
interpretação baseada no conhecimento importante que eles já têm é chamada de
“de cima para baixo”.
Desde que as crianças chegam na
escola, ansiosos para “conhecer o mundo”, a principal exigência de um bom
currículo de leitura consiste em oferecer muitas oportunidades ricas para
experimentar a linguagem escrita como um instrmento útil para explorar e
resolver problemas.
Aprendendo matemática
Aprender
matemática requer que as crianças adquiram um conjunto distinto de conceitos e
que dominem um sistema de notação especial para lidar com a quantidade e a
forma.
Tipos de conhecimento matematicamente
relevantes:
1.
Conhecimento conceitual, a capacidade para entender os
princípios que sustentam o problema.
2.
Conhecimento procedimental, a capacidade para realizar uma seqüência de ações para resolver um problema.
3.
Conhecimento da utilização, a capacidade para saber quando aplicar os diferentes procedimentos.
Aprendendo os sistemas de notação matemática
Aprender
a ler e escrever os números em sistemas de notação matemática é uma das
habilidades básicas ensinadas na segunda infância.
Uma
vez que as crianças aprenderam os 10 primeiros dígitos, elas precisam aprender
as convenções para escrever quantidades maiores e o conceito do valor que
sustenta o sistema da notação decimal. As correspondências requeridas não são
intuitivamente óbvias.
A
maior parte das crianças precisa de vários anos para dominar essa complexidade,
um fato que influencia sua capacidade para realizar no papel operações básicas
como a adição e a subtração.
Organizando o ensino
As
recomendações para o ensino eficiente da matemática se agrupam em dois extremos
polares, análogos à dicotomia entre as abordagens de baixo para cima e de cima
para baixo.
A
solução consensual é garantir que os processos básicos, de baixo para cima, e
os de cima para baixo, sejam adequadamente integrados, mas conseguir o
equilíbrio certo é um desafio difícil (Sfard, 1999).
A Organização Social do Ensino em sala
de Aula
Quando voltamos a nossa atenção para
os processos básicos da leitura e da escrita para investigar sobre os contextos
em que essas habilidades básicas são ensinadas, imediatamente enfrentamos um
constrangimento encarado por todos os educadores.
O formato-padrão da sala de aula
As circunstancias físicas,
combinadas com a suposição de que o professor é uma figura de autoridade que
esta ali para ensinar e de falar, enquanto as crianças estão ali para ouvir e
aprender, rotineiramente dão lugar a um discurso
instrumental, uma maneira particular de falar e de pensar que é
característica da escola. Os objetivos fundamentais do discurso instrumental
são proporcionar às crianças informações estipuladas pelo currículo e um
retorno dos seus esforços para aprendê-lo.
Formas alternativas da organização do
ensino em sala de aula
Embora o uso da aula expositiva esteja
disseminando nas salas de aula do mundo todo, muitos estudiosos do
desenvolvimento declaram que essa não é a melhor maneira de organizar o ensino.
Expandir o conhecimento da criança sobre as funções da linguagem, incluindo a
linguagem da matemática, é uma das importantes tarefas do ensino.
O ensino recíproco foi projetado por Ann
Brown e Annemarie Palincsar (1984) como uma maneira de integrar as habilidades
de decodificação e as habilidades de compreensão.
Segundo Brown (1997), o ensino recíproco
é uma aplicação da noção de Vygotsky de uma “zona de desenvolvimento proximal”,
que permite as crianças participar do ato de leitura em busca de significado,
mesmo antes de terem adquirido o conjunto completo de habilidades requeridas
para a leitura independente.
Educação realística da matemática
O Conselho Nacional de Professores
de Matemática adotou um conjunto de padrões para melhorar a educação da
matemática.
1.
As
atividades usadas para introduzir os conceitos matemáticos devem ser significativos
para os alunos.
2.
Embora
essas atividades introdutórias devam estar conectadas com a experiência de vida
real das crianças, elas também devem ser escolhidas para dar apoio ao
desenvolvimento de importantes conceitos matemáticos.
3.
À
medida que as crianças se adiantam nas lições, espera-se que usem modelos para
representar quantidades e realizem ações matemáticas.
A evidencia indica que, quando
adequadamente organizados, os métodos de ensino que induzem os alunos a serem
colaboradores ativos do discurso da sala de aula podem ser muito eficientes.
Mas esses métodos são mais complexos de organizar e ainda são encontrados
apenas em uma minoria de salas de aula.
CONSEQÜÊNCIAS COGNITIVAS DO ENSINO
O sucesso contrastante dos
diferentes modos de ensino devem deixar claro que o que as crianças aprendem na
escola depende, de certa forma, do tipo de ensinar que recebem. Entretanto,
como comentamos anteriormente, uma proporção muito relevante de escolas seguem
métodos expositivos para a classe inteira, de forma que os psicólogos do
desenvolvimento podem, grosso
modo, tratar a escola como um tipo uniforme de
experiência, procurando avaliar como o conhecimento sobre o mundo através da
leitura e da escrita nas escolas afeta o desenvolvimento cognitivo durante a segunda
infância e além.
Em muitos países, os
conselhos escolares requerem que para começar a freqüentar a escola a criança
tenha uma certa idade em uma determinada data. Para entrar na primeira série em
setembro de um dado uno, as crianças, precisam ter completado seu sexto
aniversário em 1º de Março daquele ano. As crianças de seis anos de idade
nascida depois daquela data devem freqüentar a pré- escola de forma que sua
educação formal é atrasada um ano. Essas políticas permitem aos pesquisadores
avaliar o impacto do ensino precoce, enquanto mantém a idade virtualmente
constante: eles simplesmente comparam os desempenhos intelectuais das crianças
que fazem seis anos em Janeiro ou Fevereiro, com aquelas que fazem em Março ou
Abril, testando ambos os grupos no inicio e no final do ano escolar. Esse
procedimento é conhecido como estratégia
da admissão à escola.
Os pesquisadores que
usaram essa estratégia acham que a primeira serie de ensino proporciona um
aumento marcante na sofisticação de alguns processos cognitivos, mas não de
outros. Os alunos de primeira série eram, em média, apenas um mês mais velho
que aqueles da pré-escola, e no inicio do ano escolar os desempenhos dos dois
grupos eram virtualmente idênticos. No final do ano escolar, no entanto, os alunos
de primeira série conseguiram se lembrar do dobro de figuras que se lembravam
do no início do ano, enquanto os alunos de primeira série não mostraram melhora
na memória.
Descobriram que o
desempenho na tarefa de conservação melhorou muito como conseqüência da idade,
mas que a aritmética mental melhorou quase exclusivamente como uma conseqüência
do ensino. Esses achados tanto confirmam a importância do ensino na promoção de
varias habilidades cognitivas relativamente específicas, quanto corroboram a crença de Piaget de que a capacidade para conservar a quantidade de
desenvolver sem nenhuma instrução especial em algum momento entre os cincos e
seis anos de idade.
Pesquisa
intercultural sobre os efeitos do ensino
Embora a estratégia de
admissão à escola proporcione uma maneira excelente de avaliar as conseqüências
cognitivas de pequenos períodos de escolarização, ela é, por definição,
limitada à primeira série. Para um quadro de alcance mais amplo da contribuição
da educação formal para o desenvolvimento cognitivo, os pesquisadores
conduziram estudos em sociedades em que o ensino esta disponível apenas a uma
parte da população. Esse conhecimentos especializados da realização do teste
inclui familiaridade com formas em que as perguntas são formuladas, uma maior
facilidade para se comunicar com adultos com quem não se está familiarizado e
fluência na linguagem em que esse teste é formulado quando não é conduzido na
língua nativa da criança.
Memória
Em outras sociedades, a
pesquisa comparando crianças que freqüentam a escola com aquelas que não
freqüentam a escolas, assim como os dados comparativos sobre os alunos de
primeira série e aqueles da educação infantil apresentados acima, mostraram que
a escolarização é a experiência fundamental subjacente a essas diferenças
culturais.
Um estudo realizado por
Daniel Wagner (1974) sugere o tipo de habilidades de processamento de
informação que melhora a memória que as crianças adquirem como uma conseqüência
do ensino. Wagner conduziu seu estudo entre mais educadores e não-educados em
Yucatan, no México. Ele pediu a 248 pessoas de idades variadas, entre os seis
anos a e idade adulta, para lembrarem as posições de cartas dispostas de uma
maneira linear. Em cada teste, cada uma das sete cartas foi exibida durante
dois segundos e, depois, virada com face para baixo. Assim que todas as setes
cartas foram apresentadas, foi mostrada a duplicada de uma dessas gravuras e o individuo foi solicitado
a indicar a figura idêntica a essa. Selecionado diferentes gravuras duplicadas,
Wagner manipulou a duração de tempo entre a apresentação de uma gravura e o
momento em que sua localização deveria ser lembrada. A diferença entre o
desempenho das crianças instruídas e não–instruídas nas experiências
interculturais de memória é mais perceptível após vários anos de ensino e
quando o material a ser aprendido não está relacionado com outro, segundo
qualquer roteiro cotidiano. Não há evidência que corrobore a conclusão de que o
ensino aumenta a capacidade da memória em si.
Habilidades
metacognitivas
Quando as crianças foram
solicitadas a explicar como chegaram às respostas de um problema lógico, ou o
que fizeram para conseguir se lembrar de algo, aquelas que freqüentavam a
escolas provavelmente disseram algo como “fiz o que minha cabeça mandou”, ou
não ofereceram nenhuma explicação. As crianças que freqüentavam a escola, por
outro lado, provavelmente falaram sobre as atividades mentais e lógicas
subjacentes às suas respostas. Os mesmos resultados aplicam-se ao conhecimento
metalingüístico, o ensino não teve efeito sobre a capacidade dos
entrevistadores para identificar as freses não-gramaticais: mas as pessoas
instruídas conseguiram, em geral, explicar o que tornava uma frase
não-gramatical, enquanto as não-instruídas não conseguiam.
O
impacto do ensino em uma segunda geração
Pesquisadores descobriram
que mães que tiveram vários anos de escolarização conversavam mais com seus
filhos e usavam métodos de educação menos diretivos, um padrão similar àquele
dos pais de classe média na América do norte. Mais significativo ainda, seus
filhos exibiam um melhor desempenho na escola e nos testes padronizados de
desenvolvimento cognitivo.
Uma
visão geral das evidências
No geral, a pesquisa extensiva sobre as conseqüências cognitivas da
escolarização produziu um quadro misto. Quando se percebe que a instrução
melhora o desempenho cognitivo, o efeito parece funcionar de uma entre três
maneiras: (1) aumentando a base de conhecimento da criança, incluindo as formas
de usar a linguagem; (2) ensinando estratégias específicas de processamento da
informação que são importantes fundamentalmente à escola em si; e, (3)
modificando as situações gerais de vida e as atitudes das crianças, que, por
sua vez, transmitem para seus filhos sob forma de novas práticas de produção de
filhos, que promovem o desenvolvimento cognitivo.
Nas sociedades
desenvolvidas, o sucesso na escola é um contribuinte tão importante para o
bem-estar econômico posterior das crianças que os psicólogos do desenvolvimento
e os educadores estão muito interessados em entender os fatores que promovem ou
o inibem. Uma crença popular comumente compartilhada reza que muitas crianças
que têm sucesso simplesmente possuem uma especial “aptidão para a aprendizagem”
que as outras carecem. Mas como veremos tem mais fatores responsáveis pelo
sucesso na escola do que aptidão acadêmica. Vários fatores físicos,
psicológicos e socioculturais desempenham um papel essencial no sucesso das
crianças na escola.
APTIDÃO PARA A APRENDIZAGEM
O conceito de inteligência
é amplamente aceito. Mas o significados precisos desses termos variam entre as culturas e
tem-se mostrado difícil – algumas dizem que é impossível – definir a
inteligência de tal forma que ela possa ser medida de maneira tão precisa
quanto o peso ou a altura.
Apesar
das incertezas sobre o que “realmente é” inteligência, quase todas as crianças
que estão crescendo hoje na América do Norte realizarão um teste de
inteligência, em algum momento, antes de completarem sua educação. Esses testes
SAP usados para decidir que tipos de educação vão receber e o tipo de trabalho
que realizarão, o que, por sua vez, vai influenciar suas vidas adultas. Por
isso, é importante entender a natureza da inteligência incorporada nesses
testes, assim como um fator importante no desenvolvimento das crianças.
AS ORIGENS DO TESTE DE INTELIGÊNCIA
O interesse em medir a
inteligência tornou-se disseminado no inicio do século XX, quando a educação em
massa tornou-se a norma nos países industrializados. Embora a maior parte das
crianças parecesse capaz de tirar proveito da educação que recebia, algumas
pareciam incapazes de aprender na escola. Os profissionais de educação ligados
a isso tentaram determinar as causas dessas dificuldades e encontrar soluções
para elas.
Em 1904, o ministro francês
do ensino público nomeou uma comissão para garantir os benefícios do ensino
para que ele chamou de crianças “deficientes”. Eles queriam, especialmente
evitar diagnosticar incorretamente as crianças como “mentalmente subnormais”.
Os problemas foram moldados para diferenciar crianças de cada idade, de forma
que as crianças apresentassem mais problemas fossem identificadas e recebessem
educação especial.
Para testar essa
capacidade eles, apresentaram a criança entre quatro e seis anos tarefas como a
seguinte: Esta vendo essa chave? Você deve colocá-la sobre aquela cadeira
(apontando para a cadeira); depois, feche a porta; depois, vá ver perto da
porta uma caixa que esta sobre uma cadeira. Vá pegar essa caixa e trazer para
mim.
Aos quatro anos de idade,
poucas crianças conseguiram realizar todas as partes dessa tarefa sem ajuda.
Aos cinco anos, cerca de metade das crianças responderam adequadamente, e aos
seis, quase todas as crianças completaram toda a tarefa. Uma criança de quatro
anos de idade que passasse no teste era considerada precoce, enquanto uma de
seis anos que não conseguisse realizá-lo era considerada atrasada com relação a
essa capacidade. Indicaram o índice básico de inteligência através dessa escala
e o chamarem de idade mental (IM). Uma
criança que se desempenhasse no teste com uma média de sete anos de idade,
dizia-se ter um IM de 7; uma criança que se desempenhasse com uma media de nove
anos de idade dizia-se ter um IM de 90; e assim por diante.
Da
idade mental ao QI
William Stern (1912), psicólogo
do desenvolvimento, introduziu um importante aperfeiçoamento na maneira como os
testes de inteligência eram pensados e aplicados. Ele sugeriu que a
inteligência deveria ser a razão da idade mental das crianças em relação à sua
idade cronológica (IC). Assim nasceu a unidade de medida que usamos hoje, o quociente de inteligência (QI):
QI = (IM/IC) 100
As tarefas fundamentais na
criação de um teste de QI são as seguintes:
1.
Selecionar um conjunto de itens que produza uma amplitude de possibilidades de
desempenho entre crianças da mesma idade.
2.
Dispor os itens em ordem de dificuldade, de tal forma que à medida que as
crianças vão ficando mais velhas elas tenham maior probabilidade de responder
corretamente a mais itens.
3.
Certificar-se de que os itens sejam delineados de modo que o desempenho no
teste corresponda ao desempenho na escola.
A natureza da inteligência: geral ou
específica?
Referindo-se à inteligência como “uma capacidade
fundamental”, Binet e Simon assimilaram sua crença de que a inteligência é a
característica geral. Ele argumentou que o fato de as pessoas que tem pontuação alta (ou baixa)em
uma tarefa tenderam a ter uma pontuação alta (ou baixa) nas outras indicava a
existência de uma capacidade geral que ele chamou de g – “inteligência geral”.
Entretanto, muitos psicólogos rejeitam a idéia da
inteligência geral. Robert Sternberg (1985, 1999) propôs o que ele chama de uma
teoria “triárquica” da inteligência,
governada por três princípios distintos. Segundo Sternberg, os três tipos de
inteligência são:
1. Analítica – as habilidades que usamos
para avaliar, analisar, julgar, comparar e contrastar.
2. Criativa – as habilidades que usamos
para criar, inventar, descobrir, imaginar e supor.
3. Prática – as habilidades para aplicar
o conhecimento, colocando-o em prática.
Sternberg relata que o nível de desempenho de um
indivíduo pode variar de um tipo de inteligência para o outro declara que
somente a inteligência analítica é medida pelos testes de QI padronizado.
Várias características parecem distinguir os problemas analíticos, exigidos
pelas escolas, dos problemas encontrados nos ambientes cotidianos:
·
Os
problemas escolares são formulados para o aprendiz por outra pessoa, enquanto
os problemas do cotidiano requerem que os próprios aprendizes reconheçam ou
formulam problemas.
·
Os
problemas escolares, em geral, têm pouco ou nenhum interesse intrínseco para os
aprendizes, enquanto as tarefas do cotidiano são intrinsecamente importantes
para eles.
·
Os
problemas escolares são claramente definidos, enquanto os problemas do
cotidiano são, em geral, mal definidos.
·
Os
problemas escolares, habitualmente, têm uma única resposta certa e que só pode
ser alcançada por um único método, enquanto os problemas do cotidiano têm
varias soluções aceitáveis e que podem ser alcançadas por vários caminhos.
·
Os
problemas escolares vêm com todas as informações necessárias para se lidar com
eles, enquanto os problemas do cotidiano requerem que as pessoas busquem novas
informações.
·
Os
problemas escolares são desvinculados da experiência ordinária enquanto os
problemas do cotidiano estão incorporados nas experiências rotineiras.
Diferenças
entre as populações e controvérsias entre natureza e a educação
A pesquisa de Yerkes
iniciou uma controvérsia que continuou até a época atual. Dois resultados
pareciam ser particularmente problemáticos. Em primeiro lugar, a idade mental
dos anglo-americanos nativos foi avaliada como sendo de 13 anos. Como, padrões
da época, uma idade mental de 8 a 12 anos era considerada subnormal para um
adulto, parecia que uma parte substancial da população anglo consistia de
“idiotas”.
Vários dos pioneiros na
aplicação de testes de inteligência interpretaram esses dados como o resultado
de diferenças inatas e imutáveis na inteligência natural (“natureza”). Segundo
essa hipótese inatista da inteligência, algumas
pessoas nascem em geral mais espertas que outra e nenhuma quantidade de
treinamento ou variação no ambiente pode alterar esse fato.
Durante as décadas de 1930
e 1940, a posição inatista da inteligência geral foi comparada com uma hipótese ambientalista de inteligência, que
firmava que a inteligência é ao mesmo tempo específica e bastante dependente da
experiência. Uma das linhas mais notáveis para a hipótese ambiental da
inteligência é o fato de que, no mundo todo, tem havido um aumento constante no
desempenho nos testes de QI desde que a testagem teve inicio.
Não há consenso claro
sobre que fatores ambientais estão fazendo com que as pontuações de QI
aumentem, mas é certo que a mudança é ambiental em sua origem, pois não pode
provir de uma mudança rápida na constituição genética das pessoas do mundo todo.
Desempenho
no QI e a natureza da testagem
Atualmente, nenhum
estudioso responsável acredita que a variação nas populações do teste de
inteligência de pessoas para pessoas possam ser atribuídas inteiramente a
fatores ambientais ou genéticos. Ao mesmo tempo, mesmo aqueles que acreditam
que a variação genética desempenha um papel importante nas variações no QI
reconhecem, prontamente, que o ambiente também desempenha um papel
significativo.
Os esforços para separar
as várias influências da natureza e da educação sobre o fenótipo são mais
complicados ainda pelo fato de que os pais contribuem tanto para constituição
genética dos seus filhos quanto para o ambiente em que eles crescem. Para
determinar como a variação ambiental influencia a altura, podemos estudar
conjuntos de gêmeos monozigóticos (idênticos) e heterozigóticos (fraternos).
Se, dentro dessa variação
ambiental, os fatores genéticos dominam a expressão do fenótipo (altura
medida), então, poderíamos esperar que dois fatos emergissem:
·
As
alturas de gêmeos idênticos devem ser mais ou menos as mesmas se os gêmeos são
criados separados ou criados na mesma família.
·
A
similaridade entre alturas de gêmeos idênticos devem ser maior do que a
similaridade entre alturas de gêmeos fraternos. Na verdade, a similaridade das
alturas de gêmeos idênticos criados em ambientes muito diferentes pode ser
maior do que aquela de gêmeos fraternos criados nos mesmo ambiente.
Várias tentativas têm sido feitas para criar testes
“independentes da cultura”, mais ainda não foi encontrado uma solução em geral
satisfatória: todos os testes de inteligência baseiam-se em uma origem da
aprendizagem que é específica da cultura.
O exemplo de também ilustra outro ponto importante sobre
a hereditariedade que pode ser aplicado ao QI. As evidências sugestivas
relacionadas aos fatores ambientais que são responsáveis por diferenças
étnicas, raciais e de classe no QI entre uma amostra grande de crianças de
cinco anos de idade afro-americanas e euro-americanas, que nasceram prematuras
e com baixo peso, originarias, a maior parte delas, de famílias relativamente
pobres. Os pesquisadores estudaram essas crianças desde o nascimento e, alem de
aplicar às crianças testes de QI quando elas tinham cinco anos de idade,
coletaram dados sobre a pobreza familiar e do bairro, a estrutura social das
famílias, as características maternas como educação e QI e o grau de
estimulação cognitiva no ambiente doméstico. Assim como a pesquisa anterior, as
pontuações de QI das crianças afro-americanas foram significantes mais baixas
que as pontuações das crianças brancas.
No entanto, eles mostram claramente que, quando as
diferenças socioeconômicas nas vidas das crianças afro-americanas e
euro-americanas são levadas em conta, as diferenças de QI entre os grupos são
quase eliminadas.
Barreiras Pessoais e Sociais ao
Sucesso na Escola
Nas ações que se seguem, examinamos diferentes fatores
relacionados à falta de sucesso na escola entre crianças cuja aptidão
intelectual testada está dentro da variação normal. Alguns desses fatores
parecem estar claramente relacionados às propensões individuais das crianças,
outros se relacionam a fatores sociais.
Deficiências específicas da
aprendizagem
Deficiência
específica da aprendizagem é um termo usado para referir as dificuldades
acadêmicas de crianças que tem um mau desempenho na escola, apesar de um
resultado normal no teste de QI.
Identificar as crianças com
deficiências de aprendizagem apresenta desafios especiais aos psicólogos do
desenvolvimento. Diferentemente de deficiências físicas como cegueira ou
surdez, as deficiências específicas de aprendizagem só se tornam aparente
quando as crianças entram na escola.
Dificuldades ainda maiores na
identificação de crianças com deficiência de aprendizagem estão refletidas na
definição oficial de deficiência de aprendizagem. Há tantos fatores incluídos
na lista dos critérios de identificação! O que, por exemplo:leitura, escrita,
soletração ou aritmética de uma criança que é deficiente? Como sabermos se uma
deficiência específicas surge de características do cérebro ou das
conseqüências de viver em um “ambiente desvantajoso”? Disputas sobre a melhor
maneira de isolar os critérios críticos para as deficiências específicas de
aprendizagem tornaram difícil estimar o número de crianças que sofrem dessas
deficiências. Esse padrão de desempenho, chamado dislexia, é a forma mais
freqüente de deficiência de aprendizagem específica. Outras crianças exibam um
padrão de desempenho discalculia, em que o QI verbal é elevado e o QI
quantitativo é baixo. Sendo assim, sua capacidade para é normal, mas elas têm grande
dificuldade para aprender aritmética.
As crianças que são consideradas
disléxicas podem ter dificuldades de leitura por várias razões diferentes.
Entre as razões primárias está a dificuldade no processo fonológico. O
principal teste das habilidades de processamento fonológico emprega
pseudo-palavras, combinações de letras que não constituem palavras reais, mas
que podem ser lidas seguindo as regras de conversão de grafemas em formas. As
teorias dominantes sobre as causas da dislexia supõem que as dificuldades
surgem devido a anomalias no desenvolvimento cerebral, mas ainda há grande
incerteza sobre como vincular as dificuldades específicas de leitura a
anormalidades específicas em áreas específicas do cérebro. Em seguida, esses
pesquisadores demonstraram que as crianças com deficiência de linguagem tinham
a mesma dificuldade com os fonemas da linguagem falada e, na verdade, com
qualquer seqüência rápida de estímulos em qualquer modalidade sensorial. Também
apresentaram resultados de pesquisa de imagem por ressonância magnética (RM),
mostrando que as crianças com deficiência de linguagem têm menos células nas
áreas cerebrais que dão suporte à linguagem.
Foram planejados programas tanto
para as crianças disléxicas com déficit na linguagem oral quanto para aquelas
sem esse déficit. Para as crianças cujo desenvolvimento da linguagem está
atrasado, programas de capacitação para crianças disléxicas cuja linguagem oral
não está atrasada em geral concentram-se em estimular a consciência fonêmica,
usando técnicas de rimas e jogos de palavras que têm demonstrado bons
resultados em promover a aquisição de leitura.
Motivação para aprender
Como observamos anteriormente, um aspecto distinto da
educação formal é que se espera que as crianças prestem a atenção e se esforcem
bastante, embora o material que são solicitadas a aprender possa ser difícil de
dominar e seja de pouco interesse para elas. Nessas circunstâncias, uma
proporção importante de criança perde sua motivação
acadêmica – a capacidade para se esforçar muito ou persistir nas tarefas
escolares diante das dificuldades.
Segundo essa hipótese, algumas crianças desenvolvem um
padrão motivacional que esses pesquisadores referem como uma orientação para a
superação do desafio. Mesmo que as crianças tenham tido um mau desempenho ou
fracasso em uma tarefa, elas permanecem otimista e dizem a si mesma, “eu posso
conseguir se me esforçar mais da próxima vez”.
Em contrapartida, outras crianças desenvolvem um padrão
motivacional impotente. Quando fracassam em uma tarefa, dizem a si mesma, “não
consigo fazer isso,” e desistem totalmente de continuar tentando. Quando
encontram tarefas similares no futuro, tendem a evita-as. Essa orientação
importante com relação a dificuldade e ao fracasso diminui as oportunidades das
crianças de conquistarem sucesso acadêmico .
Dweck testou suas hipóteses apresentando vários quebra
cabeças à crianças de quatro à cinco anos de idade. Desconhecidos para as
crianças, so um dos quebra cabeças realmente pode ser completado. Algumas das
crinaças não ficaram irritadas quando não conseguiram completar os quebra
cabeça impossível e encararam a tarefa como um desafio, mostrando um padrão
motivacional de separação, outras ficaram irritadas e desistiram, exibindo o
padrão impotente, como Dweck havia previsto.
As teorias das crianças do ensino médio sobre a
inteligência também incluem idéias sobre como o esforço esta relacionado ao
resultado. Algumas crianças acreditam que o sucesso acadêmico depente,
fundalmentalmente, da capacidade, que eles acreditam ser uma categoria
estabelecida; outras acreditam que o sucesso acadêmico depende do esforço e que
despender esforço pode conduzir a uma maior inteligência.
Quando essas crianças falham, suas respostas e se
esforçar mais da próxima vez. Quando encontram o ambiente mais desafiador do
ensino médio essas maneiras particulares de interpretar e reagir ao fracasso
causam notáveis diferenças no desempenho entre os alunos que adotam um ou outro
dos dois padrões motivacionais
Discrepâncias culturais entre o lar e
a escola
Agora afastamos o nosso enfoque dos processos
psicológicos universais “na criança” e passamos as circunstanciam culturais e
econômicas que estruturam a experiência de ensino da criança. Vários fatores
culturais gerais foram identificados, alguns concentrados em padrões culturais,
e na linguagem e outros. Da mesma forma, acreditam que a cultura das escolas
americanas representam uma desvantagem para crianças de cultura dque enfatizam
a interdependência, com objetivo de socializar as crianças para se tornarem
adultos que valorizem bastante as redes sociais especialmente a família, e que
reduzem a importância da realização pessoal.
Outros pesquisadores descobriram que mesmo que as
crianças venham de famílias que adotem um modelo cultural interdependente que
entrem em conflito com as normas culturais da sala de aula, a família pode
desempenhar um papel positivo forte no sucesso da instrução de seus filhos.
Quase metade dos pais pesaquisados disse que lêem para
seus filhos, muitos em sua língua natal. Aparentemente, o conhecimento de
inglês dos pais tinha menos efeito sobre o desempenho dos seus filhos na escola
do que as ligações emocionais, quando os pais liam historias para os filhos e a
sabedoria cultutal que os pais compartilhavam quando liam as historias. Os pais
demonstraram seu compromisso com a educação, não so por possuírem livros e por
lerem para seus filhos, mas, também, por exigirem que seus filhos fizessem toda
a lição de casa. Os pais relatam que seus filhos dedicavam em media quase três
horas de cada tarde a lição de casa, o dobro da media das crianças norte -
americanas nativas.
As estruturas e os propósitos do uso
da língua. Mesmo
quando as pessoas falam a mesma língua ou um dialeto da mesma língua, isso não
significa que elas usam sua língua da mesma maneira; muita das maneiras como as
crianças praticam a língua oral e escritas em casa diferem não somente das
praticas da língua da escola, mais de outros lares dentro da mesma comunidade.
Quando liam com seus filhos, iam bem alem do texto em si para deixar claros os
relacionamentos entre o que estava no livro e outras experiências que a criança
podia ter tido ou podia ter no futuro. Em certo sentido, os professores estavam
sendo professores tanto em casa quanto na escola. Em vista disso, seus filhos
tinham um bom desempenho na escola.
O ensino em uma segunda língua
Em uma decisão fundamental tomada em 1974, a Suprema
Corte dos Estados Unidos recebeu a gravidade dessa situação declarando que as
crianças que chegam a escola incapazes de falar ou entender inglês precisam ter
ajuda especial para lidar com os desafios que elas enfrentam.
A pesquisa sobre a questão e obscurecida pela dificuldade
de conduzir experiências nas quais as versões ideais das estratégicas
concorrentes podem ser oposta uma a outra. Simplesmente, não e possível
realizar uma experiência de verdade, pois isso requereria controlar os
currículo e a política de linguagem de um grupo de escolas e encaminhar ao
acaso crianças a essas escolas. Para testas suas hipóteses, os pesquisadores
têm utilizados pesquisas semi-experimentais que usam diferenças que ocorrem
espontaneamente nos programas de linguagem.
Como ponto de partida para uma
educação bilíngüe eficaz, essa abordagem requer que os professores levem a serio
o contexto cultural da criança, como ele esta incorporado na língua, nos
valores e nas práticas de sua casa. Um obstáculo importante para aplicação
bem-sucedida das lições da pesquisa em educação bilíngüe e que a muito poucos
professores bilíngües qualificados para ensinar as muitas línguas representadas
pela população em idade escolar dos Estados Unidos.
Lidando bem com diferentes populações
de alunos
Os níveis elevados de desempenho escolar exigidos
atualmente para todas as crianças, em sua diversidade, têm levado muitos
educadores a explorar novas formas de ensinar para todos os níveis e para criar
vínculos entre escolas e lares na comunidade local. Seja qual for sua ênfase
particular, os programas mais bem sucedidos, cada um a sua própria maneira, baseia-se
em aspectos da vida e da aprendizagem que as crianças entendem e usem em casa.
Um
exemplo de uma adaptação cultural mínima que pareceu fazer uma enorme
diferença. Ocorreu em uma classe de alunos da tribo de índios Odawa, no Canadá,
que tinha como professora uma especialista em cultura. Uma adaptação cultural
muito diferente das aulas em classes padronizadas envolvia um programa de
leitura bem sucedido, destinado as crianças havaianas de baixa renda e que,
tradicionalmente apresentavam um mau desempenho. Os professores desse programa
faziam com que as crianças trabalhassem juntas na classe, permitindo-lhes
basear-se nos padrões culturais domésticos familiares buscar ajuda dos amigos e
dos irmãos. Ao mesmo tempo a pesquisa e unânime em mostrar que as escolas que
proporcionam uma atmosférica cálida e amigável combinada com instrução
rigorosa, altas expectativas de sucesso e boa comunicação com o lar têm mais
chance de sucesso.
Fora
da Escola
Por mais importante que a forma de
instrução seja para a segunda infância, ela não é o único contexto
extrafamiliar que influencia as crianças. Há também o novo e importante
contexto das interações independentes com o grupo de amigos.
A participação nesses grupos de
amigos proporciona uma espécie de preparação para a vida adulta, que é bastante
diferente daquela organizada por adultos na sala e em casa. Ao mesmo tempo, as
experiências dos grupos de amigos influenciam a vida em casa e na escola.
A escola é um ambiente de
socialização especializado, especifico de determinadas sociedades e épocas
históricas.
Desenvolvimento
Social na Segunda Infância
Entre os 6 e os 12 anos de idade, as
crianças caracteristicamente passam mais de 40% das horas em que estão
despertas em companhia de pares, crianças de sua própria idade e condição
social. Esse é o dobro do tempo que passavam com seus pares durante os anos de
pré-escola e é acompanhado por uma correspondente redução no tempo passado com
os pais. Em algumas de suas interações com os pares, as crianças são reunidas e
supervisionadas por adultos, como na escola, na igreja ou em esportes
organizados. Mas, às vezes, eles se agrupam sem supervisão direta de um adulto,
frequentemente, fazendo o tipo de “coisa nenhuma”
A oportunidade de interagir com os
pares sem supervisão do adulto afeta o comportamento das crianças de duas
maneiras importantes.
·
O conteúdo da atividade dos pares, em geral é
diferente. Quando os adultos presidem as atividades das crianças, é provável
que esteja em jogo alguma forma de instrução ou trabalho, quer envolva uma
lição de aritmética, uma aula de piano ou passar para atividade seguinte.
Quando várias crianças se agrupam sem a presença de um adulto, eles
provavelmente jogam um jogo, ou simplesmente “fazem nada”.
·
As formas de controle social na atividade sem supervisão com os
pares são diferentes. Ocorre quando as crianças estão sozinhas nos grupos de
pares, elas próprias precisam estabelecer a autoridade e a responsabilidade. As
vezes prevalece a regra do “poder da força”, quando uma criança especialmente
domina o grupo. A autoridade do grupo pode também se alternar, dependendo das
atividades do grupo. Um líder em fazer traquinagens no pátio pode não ser o
líder na organização de uma ida à tarde ao cinema.
O aumento da interação das crianças
com seus pares é ao mesmo tempo uma causa e um efeito do seu desenvolvimento
durante a segunda infância. Momento em que as novas experiências com os pares
desafiam as crianças a dominarem novas habilidades cognitivas e sociais para
que seja asseguradora sua maior liberdade de ação.
A percepção das crianças de si mesmas
e de suas relações com os outros também muda na segunda infância. Seu lugar no
mundo social é determinado por elas. Quando as crianças passam mais tempo entre
seus pares, a percepção do eu que elas adquirem em suas famílias não é mais
suficiente e precisam formar novas identidades adequadas aos novos contextos. A
criança que parece corajosa em casa e que domina seus irmãos menores pode
descobrir que precisa ser mais contida no playground
com seus pares.
A segunda infância também traz
mudanças na qualidade das relações das crianças com seus pais. Os pais não
conseguem mais exigir obediência cega de seus filhos, nem podem facilmente
contê-los e afasta-los do perigo ou de situações nas quais eles estão se
comportando mal. Os pais ainda conseguem monitorar seus filhos, mas precisam
confiar no maior entendimento deles sobre consequências de suas ações e no seu
desejo de se adaptar aos padrões dos adultos a fim de mantê-los fora de
caminhos perigosos e se comportando adequadamente.
Os métodos de pesquisa atuais nem
sempre conseguem fazer justiça à diversidade crescente dessa experiência, tão
fundamental durante a segunda infância. Assim o conhecimento cientifico sobre a
segunda infância é, em vários aspectos, fragmentário. Temos muitas informações
sobre a maneira como as crianças se comportam com seus pares na escola e como
elas reagem quando os pesquisadores lhes pedem para pensar sobre dilemas morais
hipotéticos para articular suas concepções de amizades ou para resolver vários
quebra-cabeças intelectuais. Porém, no entanto, tem-se poucas informações
sistemáticas sobre o comportamento das crianças naqueles locais onde não há
adultos presentes e onde as crianças ficam sozinhas.
JOGOS
E CONTROLE DO GRUPO
Como as crianças aprendem a
controlar suas relações sociais quando adultos não estão presentes? Os
mecanismos psicológicos não foram identificados com precisão, mas parece que
uma área importante para esse desenvolvimento são os jogos.
JOGOS
E REGRAS
Aquelas crianças que entraram na
segunda infância envolvem-se em representações fantasiosas, com cada uma delas
representando um papel em uma situação imaginária: policiais perseguem ladrões,
famílias de náufragos vão morar em casas sobre as árvores, crianças fugitivas
escondem-se em fortes secretos. Mas na segunda infância as crianças também se
envolvem em um novo tipo de brincadeira – jogos b
aseados
em regras.
Esses jogos podem variar muito de
cultura para cultura:
ü
Na
África Ocidental, as crianças dividem-se em grupos e desafiam uma a outra para
lembrar os nomes das folhas coletadas na floresta.
ü
Nos
Estados Unidos, há maior probabilidade de um jogo de desafios mentais assumir a
forma de Vinte Perguntas ou Monopólio.
Mas o que todos esses jogos têm em
comum são regras explicitas, que se espera que todo jogador respeite. A
capacidade para compreender e se comportar de acordo com esses conjuntos de
regras complexas é uma característica da segunda infância.
Isso não significa sugerir que as
regras estejam totalmente ausentes do jogo fantasioso na primeira infância.
Quando as crianças pequenas desempenham seus papéis de faz-de-conta, elas
caracteristicamente seguem regras sociais implícitas. As crianças pequenas usam regras para
negociar os papéis que adotam e para manter o contexto do faz-de-conta: “Só as
meninas têm permissão para ser a “Mulher Maravilha”.
Por volta dos sete ou oito anos, as
regras, tornam-se a essência de muitos jogos. As regras determinam que papéis
devem ser desempenhados e o que uma pessoa pode e não pode fazer ao desempenhar
esses papéis. As regras também entram de maneira diferente no conteúdo dos
jogos da segunda infância. Enquanto as regras no jogo fantasioso da pré-escola
podem mudar por um capricho, as regras dos jogos característicos das crianças
mais velhas devem ser combinadas antes do jogo começar e seguidas à risca.
Qualquer um que mude as regras sem consentimento de todos está “roubando”
As crianças devem ser capazes de
manter em mente o conjunto geral das experiências pré-estabelecidos das tarefas
à medida que perseguem os objetivos do momento. Ao mesmo tempo, para serem
bem-sucedidas, elas precisam assumir perspectivas sociais, entender o
relacionamento entre os pensamentos dos outros jogadores e suas próprias ações
(“Se eu mover a minha peça para esse lugar, ela vai comer duas pedras minha”).
O objetivo explícito é vencer através da competição governada por regras.
Em comparação com o jogo fantasioso da
primeira infância, os jogos baseados em regras expandem tanto o número de crianças
que podem brincar juntas quanto a provável duração da sua atividade conjunta.
Caracteristicamente, na brincadeira fantasiosa inicial, apenas duas ou três
brincam juntas de cada vez e cada uma de suas brincadeiras, em geral, dura
menos que dez minutos.
OS JOGOS E A VIDA
Há muito tempo, tem-se interessado
nos elos entre as formas de brincar das crianças e seu comportamento social em
geral. A ideia de que os jogos baseados em regras são a preparação para a vida
têm uma ampla aceitação.
Piaget enfatiza que o surgimento dos
jogos baseados em regras teriam uma importância dupla para o desenvolvimento
das crianças.
·
Manifestação de operações concretas na
esfera social que é a
capacidade para se envolver em jogos baseados em regras, correspondendo a um
egocentrismo decrescente, surgimento da conservação e de outras habilidades
cognitivas.
·
Modelos de sociedade as quais criam situações estruturadas
em que as crianças praticam, equilibrando seus próprios desejos contra as
regras do grupo.
Segundo Piaget, os jogos baseados em
regras são modelos da sociedade para as crianças e dois aspectos intimamente
relacionados:
·
São instituições sociaispois permanecem basicamente os mesmos
à medida que são transmitidas de uma geração para a próxima. Exemplo, um culto
religioso de faz-de-conta.
·
Possuem um conjunto de valores, e
este aglomerado de normas e valores morais e sociais só podem existir se as
pessoas concordarem com sua existência.
Para
Piaget é através do intercâmbio dos planos de negociação, da resolução de
conflitos, da criança e do cumprimento de regras e da manutenção e do
rompimento das promessas que as crianças desenvolvem a compreensão de que as
regras sociais proporcionam uma estrutura que possibilita a cooperação com as
outras pessoas.
Regras
Sociais, Pensamento Social e Comportamento Social
Maneira de conceber as regras
sociais, as formas como as regras sociais estão relacionadas às ideias das
crianças sobre autoridade e os mecanismos pelos quais as crianças passam a
seguir (ou ignorar) as regras da sua sociedade.
REGRAS DO JOGO E FONTES
DE AUTORIDADE: RELATO DE PIAGET
Piaget descobriu que as crianças
muito pequenas brincam de bola de gude com pouca consideração pelas regras e
sem noção da competição como uma parte do jogo.
Na segunda infância, os jogadores de
bola de gude tentam vencer segundo regras preexistentes. Primeiro, tendem a
acreditar que regras as regras do jogo foram transmitidas por figuras de
autoridade, tais como crianças mais velhas, adultos ou, até mesmo, Deus, por
isso, elas não podem ser modificadas.
Segundo Piaget, a maioria das
crianças começa a tratar as regras dos jogos com menos respeito em algum
momento entre os 9 e 11 anos de idade. Elas percebem que as regras do jogo são
convenções sociais resultantes do consentimento mútuo. Entendem que, se as
crianças quiserem brincar juntas, as regras devem ser respeitadas, “mas é
permitido alterar as regras na medida em que a opinião geral estiver do seu
lado”.
Observou-se que meninos e as meninas
não apenas brincam de jogos diferentes, mas brincam de maneiras diferentes.
Entretanto, a pesquisa aponta que apesar de algumas diferenças entre os sexos
observadas nas preferencias do jogo, a segunda infância é o período em que a
brincadeira baseada em regras explícitas começa a assumir proeminência nas
interações de crianças de ambos os sexos.
ALTERNATIVA PARA O
RELATO DO DESENVOLVIMENTO SOCIAL DE PIAGET
A
capacidade de uma criança pensar em termos das operações mentais lhe
possibilita manter em mente regras sociais, e essa habilidade, por sua vez,
permite-lhes cooperar umas com as outras em muitos contextos, sem a presença de
alguém que faça cumprir as regras. Mas essa abordagem apresenta pontos fracos.
O primeiro ponto fraco percebido da
teoria de Piaget é o fato dele reconhecer apenas duas situações durante a
infância: na primeira, todas as regras e a autoridade vêm de outras pessoas
poderosas que devem receber um respeito unilateral; na segunda, as crianças se
envolvem em interações que requerem respeito mútuo e começam a se controlar.
Segundo Piaget, a compreensão maior só vai surgir na adolescência, ou mais
tarde ainda, quando os indivíduos desenvolvem compreensão mais sistemática e
global das regras sociais da sua sociedade.
Descobrindo-se assim que, as
crianças pequenas nem sempre se submetem à autoridade unilateral do adulto, um
fato que compromete o argumento de Piaget de que há uma mudança nítida,
processada por meio de estágios, do raciocínio moral heterônomo para o
raciocínio autônomo.
O segundo ponto fraco percebido na
teoria de Piaget é que, embora seja possível “toda moralidade consistir em um
sistema de regras”, como Piaget surgiu, nem sempre todas as regras sociais
envolvem questões morais da mesma maneira ou no mesmo grau. Em geral, matar
alguém é considerado um erro moral maior do que ferir os sentimentos dessa
pessoa.
DISTINGUINDO MAIS
ESTÁGIOS
Vários pesquisadores que tem
estudado o pensamento moral das crianças a partir de uma perspectiva
essencialmente piagetiana estenderam o número de estágios a serem alcançados
pelas crianças. Eles também desenvolveram métodos detalhados para identificar
as diferentes formas de raciocínio para cada estágio. Esse estudo tem abordado
mais questões morais envolvendo-se o mal e a justiça, assim como questões de
equidade no que diz respeito à distribuição de recursos.
Raciocínio moral sobre o
mal e a justiça
Em
vez de os dois estágios do pensamento moral propostos por Piaget, Kohlberg
defendia a existência de uma sequência de seis estágios estendendo-se da
infância até a adolescência e a idade adulta. Mas vamos no concentrar aqui na
aplicação das ideias de Kohlberg para a segunda infância.
O método de Kohlberg para o estudo
do pensamento moral era apresentar às crianças histórias sobre pessoas que
enfrentavam dilemas envolvendo o valor da vida humana e da propriedade,
obrigações das pessoas umas com as outras e o significado das leis e das
regras. Utilizando a técnica de entrevista clínica de Piaget, Kohlberg lia a
história, pedia a opinião da criança sobre o modo como o protagonista deveria
se comportar diante do dilema, para depois sondar o raciocínio da criança que
estava por trás dessa opinião. A história mais famosa de Kohlberg é “O Dilema
de Heinz”:
Na
Europa uma mulher estava quase morrendo de câncer. Uma droga podia savá-la, era
uma formula de radium que um farmacêutico da mesma cidade havia recentemente
descoberto. O farmacêutico estava cobrando 2.000 dólares, ou seja, dez vezes
mais do que havia custado para fabricá-la.O marido da mulher doente, Heinz,
procurou todos a quem conhecia para pedir o dinheiro emprestado, mas só
conseguiu juntar cerca de metade do seu preço. Ele disse ao farmacêutico que
sua mulher estava morrendo e pediu-lhe que vendesse a droga mais barata ou
deixasse que ele pagasse o resto depois. Mas o farmacêutico disse não. O marido
ficou desesperado e arrombou a loja do homem para roubar a droga para sua
esposa. Será que o marido devia ter feito isso? Por quê?
Na
teoria do desenvolvimento moral de Kohlberg, o estágio 1 coincide com o fim do
período da pré-escola e o início da segunda infância. As crianças no estágio 1
adotam um ponto de vista egocêntrico do certo e do errado: não reconhecem os
interesses dos outros dos outros como sendo distintos dos seus próprios
interesses. O que está certo ou errado para eles deve ser o certo e o errado
para os outros. Além disso, seus julgamentos sobre a correção e o erro de uma
ação são baseados em seu resultado objetivo, que nesse caso é como as
autoridades agiriam a isso. No estágio 1, as crianças podem declarar que Heinz
não devia roubar o remédio, porque isso iria colocá-lo na cadeia.
No estágio 2, que em geral inicia em
torno dos sete ou oito anos, as crianças continuam a adotar uma perspectiva
concreta e auto-interessada (egocêntrica), mas podem reconhecer que as outras
pessoas têm perspectivas diferentes. A justiça é encarada como um sistema de
troca: você dá tanto quanto recebe. Kohlberg referiu-se ao pensamento moral das
crianças nesse estágio como moralidade instrumental, porque supõe que seja
perfeitamente aceitável usar as outras pessoas em prol dos próprios interesses.
As crianças desse estágio podem responder ao dilema de Heinzdizendo que Heinz
deveria roubar a droga, porque algum dia ele poderia ter câncer e iria querer
que alguém a roubasse para ele.
O estágio 2 é a transição
fundamental associada com a capacidade das crianças em idade escolar de se sair
bem sem a supervisão de um adulto. As crianças não mais dependem de uma fonte
externa forte para definir o certo e o errado; em vez disso, seu comportamento
é controlado pelas relações recíprocas entre os membros do grupo. Essa forma de
pensar permite às crianças controlar suas ações uma com a outra.
No estágio 3, quando as crianças
começaram a atingir os 10 ou 11 anos, os julgamentos morais são feitos a partir
de uma perspectiva moral sociorrelacional. Nesse estágio, as crianças encaram
os sentimentos e os acordos compartilhados, especialmente com as pessoas
próximas a elas, como mais importantes que o interesse próprio, individual. Uma
criança citada por Kohlberg disse, “ Se eu fosse Heinz, teria roubado a droga
para a minha esposa. Não se pode pôr um preço no amor, nenhum presente compra o
amor. Também não se pode pôr um preço na vida.” O estágio 3 é frequentemente
comparado ao conceito moral (trate os outros como gostaria de ser tratado).
Raciocínio moral
pró-social
Refere-se ao pensamento que está
envolvido em decidir compartilhar com pessoas, ajuda-las ou cuidar delas, o que
pode constituir um custo muito alto para si mesmo.
Em sua pesquisa sobre o desenvolvimento
pró-social, Eisenberg usou dilemas que, em geral, incluíam um conflito entre o
interesse próprio imediato e o interesse dos outros. Um exemplo disto, uma
criança está divertindo-se brincando em
seu jardim e vê uma criança batendo na outra, quando não há nenhum adulto por
perto. Em outra, a criança tem de escolher entre ir a uma festa de aniversário
ou parar para ajudar uma criança que machucou a perna.
Quando as crianças ficam mais velhas,
sua maneira de pensar das crianças menores é voltada para si mesmas e ajudar os
outros só se justifica em termos do que pode ser benefício para si mesmo. A
medida que a idade aumenta, as crianças expressam mais empatia pela pessoa que
está em dificuldade e uma maior consideração pelas normas sociais.
Ponderando
sobre as regras de justiça
Um relato diferente, mas não
inteiramente diverso do desenvolvimento moral processado por meio de estágios
foi proposto por William Damon. Damon investigou os estágios nas concepções em
desenvolvimento sobre a justiça distributiva, ou seja, suas ideias sobre a
maneira de dividir os recursos ou de distribuir recompensas de forma justa.
Adotou a técnica de entrevista e o uso de histórias. Uma de suas histórias
dizia o seguinte:
Uma
classe de crianças passou o dia desenhando figuras. Algumas crianças fizeram
muitos desenhos. Algumas fizeram menos. Algumas crianças desenhavam bem; outras
não desenhavam tão bem. Algumas crianças eram aplicadas e se esforçaram
bastante; outras ficaram apenas brincando. A classe depois vendeu os desenhos em
um bazar da escola e ganhou bastante dinheiro.
No
dia seguinte, as crianças se reuniram para decidir como o dinheiro deveria ser
distribuído. Uma criança disse que as crianças que fizeram os melhores
trabalhos deveriam ganhar mais dinheiro. Uma terceira disse que as crianças que
foram mais cooperativas deveriam ganhar mais dinheiro. Como produto da venda
dos desenhos seria distribuído de forma justa?
Antes dos quatro anos de idade, as
crianças não apresentam razões objetivas para suas escolhas; elas simplesmente
declaram suas vontades. A maior parte das crianças de quatro e cinco anos de
idade ainda se concentram principalmente na gratificação pessoal mas, agora
começam a justificar suas decisões como apelos a características arbitrarias,
como tamanho e sexo: “o maior deve ganhar mais”;” nós todas devemos ganhar,
porque somos meninas”.
Entre os cinco e sete anos de idade,
as crianças começam a acreditar que todos os participantes têm direitos iguais
diante da obtenção de recompensas. Seus argumentos não reconhecem
circunstancias atenuantes; o único tratamento justo é o tratamento igualitário.
Mais ou menos a partir dos oito anos,
as crianças começam a levar em conta circunstancias peculiares, acreditando,
por exemplo, que alguns indivíduos dentro do grupo podem ter um direito
legítimo a mais que uma parcela igual das recompensas do grupo, se tiverem
contribuído com uma parte maior para o trabalho do grupo, se tem algum tipo de
desvantagem, como pobreza ou alguma deficiência física. Entretanto, ainda é
difícil para as crianças de oito anos de idade dividirem de forma equilibrada e
pensarem em todas as considerações concorrente para produzir um resultado
justo.
A pesquisa subsequente também indica
que, em contextos familiares, as crianças podem tomar decisões complexas sobre
a justiça em uma idade anterior à sugerida pela teoria dos estágios de Damon.
Em outra situação, Thorkildsen contou
às crianças uma história sobre uma classe na qual todos estavam se esforçando
bastante para aprender a ler, mas algumas crianças terminavam as lições mais
depressa que outras. Ela, então, perguntou ás crianças se é justo que aqueles
que já liam bem ajudassem as outras crianças que aprendiam mais devagar.
A maior parte das crianças achou que
era justo ajudar aqueles que aprendiam mais devagar. No entanto, se a atividade
era uma competição ortográfica ou uma prova, o trabalho independente era visto
como a única alternativa justa e uma criança ajudar a outra era considerado
“cola”. Thorkildsen não encontrou diferenças substanciais entre os julgamentos
das crianças menores e maiores, indicando que até mesmo as crianças de seis
anos de idade levam em conta o contexto social de uma ação quando julgam a
justiça em circunstâncias com as quais elas estão familiarizadas.
Entretanto, houve algumas diferenças
culturais. Pelas entrevistas realizadas com as crianças, Thorkildsen e Schmahl
descobriram que as crianças que as crianças dos grupos das minorias, refletindo
as práticas de suas salas de aula, atribuíram um valor mais alto em trabalhar sozinho
e apresentaram uma maior probabilidade de tratar todas as formas das lições em
classe como uma prova. Por isso, tinham uma probabilidade maior que seus pares
de classe média de pensar que o auxílio por parte dos seus pares seria uma
forma de “cola”
O desenvolvimento em
diferentes domínios das regras sociais
Até mesmo as crianças de quatro a
cinco anos de idade distinguem entre infringir regras morais que resultam em
dano a outra pessoa e infringir regras sociais, que apenas perturbam a ordem
social, como trapacear em jogo de basquete.
Esse fato levou Elliot Turiel e seus amigos colegas a concluir que o
raciocínio moral e o raciocínio sobre as convenções sociais ocorrem como
domínios independentes.
Turiel e seus e seus colegas mostraram
evidencias de que os julgamentos das crianças sobre convenções sociais têm seus
próprios critérios e seguem sua própria sequência de transformações de
transformações desenvolvimentais. Eles descobriram, por exemplo, que, no
domínio das regras morais envolvendo o mal e a justiça, os julgamentos das
crianças sobre quem tem a autoridade para impedir alguém de fazer o mal a outra
pessoa não depende de quem está envolvido: as crianças encaram uma ordem de uma
criança para outras pararem com a briga como legítima, ainda que a criança não
tenha autoridade especial. As crianças também encaram como ilegítima uma ordem
dada por uma figura de autoridade, como um professor, para deixar as crianças
continuarem brigando. Esse resultado mostra que a maneira de pensar sobre as
regras morais não depende do contexto; brigar é percebido como errado em muitos
contextos.
Em contrapartida, os julgamentos das
crianças sobre os problemas que envolvem convenções sociais dependem do
contexto e de quem está no comando. A única mudança desenvolvimental que os
pesquisadores observaram foi que as crianças menores estavam mais inclinadas a
achar que os diretores têm autoridades em um parque público.
A história que se segue, baseada na
história da enfermeira, ilustra o primeiro estágio da maneira de pensar sobre
as convenções sociais. A criança que está sendo entrevistada parece acreditar
que as convenções refletem a ordem natural dos eventos e que violar a convenção
seria se comportar de uma maneira não natural:
Joan
(6 anos e 5 meses): (Ele deve se tornar um enfermeiro?) Bem, não porque ele
poderia facilmente ser um médico e podia cuidar de bebês no hospital. (Por que
ele não deve ser um enfermeiro?) Bem, porque uma enfermeira é moça, e os
meninos, os outros homens iriam rir dele. (Por que um homem não pode ser um
enfermeiro?) Bem, porque seria uma coisa meio boba, porque as moças usam
aquelas roupas, aquelas sapatos e toucas...(Você acha que o pai dele tem
razão?) Sim, porque, bem, uma enfermeira, ela bate a máquina e tudo o mais. (O
homem não deve fazer isso?) Não porque ele iria parecer bobo de vestido.
No segundo nível do pensamento sobre
as convenções sociais, evidente em torno dos oito ou nove anos de idade, as
crianças percebem que simplesmente porque a maioria dos médicos é homem e a
maioria das enfermeiras é mulher, a associação empírica entre as atividades, os
papéis e os modos de vestir não significa que outras combinações sejam
impossíveis.
No nível 3, atingido em torno dos 10
ou 11 anos de idade, a maior parte das crianças começa a acreditar que as
convenções sociais, por mais arbitrárias que possam ser, têm um papel legítimo
na regulação da vida social. Finalmente, em algum momento da idade adulta, eles
passam a encarar as convenções sociais como uma força positiva, porque elas
facilitam a coordenação das interações sociais, que é essencial para o
funcionamento de qualquer grupo social.
Uma fonte atual de controvérsia entre
os psicólogos desenvolvimentais que estudam a maneira de pensar sobre as regras
sociais é se as crianças pelomundo afora pensam sobre as regras sociais da
mesma maneira. Constatou-se que, em pares da Índia é considerado uma infração
moral séria uma viúva comer peixe duas ou três vezes por semana, enquanto nos
Estados Unidos esse comportamento seria considerado uma questão de escolha
pessoal.
Do
raciocínio à ação
A história era a seguinte...
Foi
contada a história às crianças sobre um menino que foi instruído por um adulto
a transferir bolas de pingue-pongue de um balde para um pote, usando uma pá em
forma de L. O adulto disse ao menino que de jeito nenhum ele tinha permissão de
tocar as bolas de pingue-pongue, mas, se ele conseguisse transferir as bolas,
receberia um prêmio. Então, o adulto saiu da sala. O menino não conseguiu
transferir as bolas usando a pá, então usou a mão para transferi-las. Quando o
adulto voltou, o menino mentiu, dizendo que havia transferido as bolas com a
pá, e foi recompensado. Depois que as crianças ouviram essa história, foi-lhes
pedido que julgasse a moralidade do menino e dissessem o que fariam nas circustâncias.
Observou-se assim que, a percentagem
de crianças de 10 e 11 anos que trapacearam é muito menor do que crianças
menores, mesmo depois de saberem que aquilo não teria nenhuma consequência.
Isso deve-se pelo fato de que a honestidade delas reflete o fato de que elas
internalizaram completamente a norma cultural de ser honesto.
Parece ser que o julgamento moral é
importante para a ação moral, mas quando as condições requerem que uma pessoa
resista a tentação, algum elemento de controle social e uma ameaça de punição
parecem ser necessárias para as crianças menores se comportarem segundo as
normas morais. É improvável que o desejo de comportar moralmente, apesar das
consequências, seja demonstrado de maneira uniforme em qualquer idade.
RELAÇÕES
COM OUTRAS CRIANÇAS
Na
relação com outra criança, quando elas começam a passar uma quantidade de tempo
significativo entre seus pares, elas precisam aprender a criar um lugar
satisfatório para elas dentro do grupo social, a criar uma vida para elas
mesmas entre seus pares, todas elas precisam aprender a competir pela posição
social, enfrentar a possibilidade de que possam não ser apreciadas e lidar com
os conflitos que inevitavelmente surgem.
Pesquisadores
que estudam a posição social dos membros dos grupos começam perguntando às
crianças como elas se sentem em relação às outras pessoas do grupo. Partindo da
seguinte premissa, eles pedem aos membros de um grupo que nomeie seus amigos no
grupo, ou as crianças perto das quais eles gostariam de sentar, brincar,
trabalhar. Também elas podem nomear aqueles colegas dos quais eles não gostam.
Alternativamente
esses pesquisadores podem usar uma escala de avaliação, pedindo as crianças
para classificar cada criança do grupo, segundo um critério específico, como
popularidade ou desejo de ter como amigo.
Com
o uso dessas técnicas, os psicólogos do desenvolvimento identificaram
categorias de posição social definidas pela posição das crianças em seu grupo
social. Dos quais destaca:
Crianças populares: são aquelas que recebem as nomeações
mais positivas ou avaliações mais altas de seus pares.
Crianças rejeitadas: são aquelas que recebem poucas
nomeações positivas e muitas negativas de seus pares. São definitivamente
rechaçadas pelo grupo.
Crianças negligenciadas:
são aquelas que
recebem poucas nomeações de qualquer tipo.
Crianças controvertidas:
são aquelas que
recebem tanto nomeações positivas quanto negativas.
Crianças vitimizadas: são aquelas seletiva e definitivamente
agredidas.
Em
relação às crianças populares, são em geral, hábeis em iniciar e manter
relacionamento positivo, são boas em firmar compromissos e negociar.
Quanto
às crianças rejeitadas parecem ser mais complicados. Pois estudos revelam que a
causa mais evidente de rejeição é o fato de a criança ser agressiva. Elas
costumam subestimar suas habilidades sociais e sua competência e subestimam o
quanto seus pares não gostam delas.
Contudo,
nem todas as crianças rejeitadas são agressivas. Algumas crianças extremamente
tímidas também o são.
As
crianças negligenciadas são menos sociáveis do que seus pares, estudos revelam
que essas crianças têm maior probabilidade do que as crianças rejeitadas de
melhorar sua posição social entre seus colegas no decorrer do ano letivo.
Também têm um desempenho acadêmico melhor.
Enquanto
as crianças controvertidas, são ao mesmo tempo extremamente aceitas e
extremamente rejeitadas, e tendem a se comportar até mais agressivamente do que
as crianças rejeitadas.
Já
as crianças vitimizadas experimentam várias dificuldades sociais além do
tratamento inadequado que recebem diretamente de seus pares, em geral elas
perdem a calma facilmente, têm dificuldade para controlar sua atenção e agem de
maneira imatura e dependente.
Durante
a segunda infância as crianças de todas as culturas passam grande parte do
tempo em grupos segregados por sexo, nas sociedades não industrializadas, a
segregação social pode originar-se dos tipos de tarefas domésticas que os
adultos designam às crianças.
A
tendência das crianças para se reunirem em grupos do mesmo sexo parece depender
mais das suas preferências por diferentes tipos de atividades e estilos de
interação. Estudos realizados descobriram que, quando as crianças têm seis anos
de idade, mais ou menos 68% delas escolhem uma criança do mesmo sexo como
“melhor amigo”, quando as crianças têm 12 anos, o dado cresce para cerca de
90%.
Há
mais mistura dos dois sexos, por exemplo, quando as crianças estão em seus
bairros do que quando estão em suas escolas, quando estão visitando um local
com o qual não estão familiarizadas, como um museu, ou quando moram em uma
pequena aldeia e, por isso, não têm muitas escolhas de companheiros de brincar.
Nesta
idade, as relações entre os meninos e as meninas em muitos ambientes, como no
pátio da escola e nas colônias de verão, não são particularmente amigáveis.
Alguns dos encontros entre os dois sexos têm as qualidades de uma incursão em
território inimigo. Outros como os jogos de pega-pega e as caçoadas, têm
nuances sexuais. Mas há também ocasiões em que os dois sexos naturalmente se
misturam em atividades conjuntas ou simples.
Não
obstante parece claro que para muitas crianças a segunda infância é uma época
em que os meninos e as meninas não veem uns aos outros como parceiros sociais
atraentes.
Outro
fator esta relacionado à competição entre os pares, as crianças precisam
aprender a equilibrar as maneiras como competem umas com as outras e a
necessidade de cooperar. A maneira como as crianças aprendem essas lições é
influenciada pelos valores e crenças do seu grupo cultural.
Em
um estudo de dois grupos diferentes de crianças, um grupo era composto de
crianças que moravam em comunidades agrícolas, o outro era composto e crianças
de um bairro urbano de classe média.
Os
de comunidades agrícolas preparam as crianças desde tenra idade para cooperar e
trabalhar como um grupo. Os adultos dessa comunidade recompensam
deliberadamente a cooperação e punem a não cooperação. A competição é tão
desencorajada que as crianças podem sentir-se envergonhadas de estar entre os
primeiros da classe.
Na
primeira infância o enfoque da amizade é a brincadeira do faz-de-conta. As
descrições das crianças pequenas sobre suas amizades reais e sobre suas crenças
a respeito da amizade em geral revelam que elas claramente premiam os
potenciais das outras crianças como companheiros de brincadeiras.
Na
segunda infância, o fazer parte e a aceitação social são os principais temas da
amizade. Nesse ponto de suas vidas, as crianças reconhecem que seus
companheiros da sua idade têm status diferentes
e que os grupos que se reúnem para brincar são hierarquicamente organizados em
líderes e seguidores. A sensibilidade despertada das crianças para seu status relativo entre seus pares faz com
que eles fiquem particularmente preocupados com a possibilidade de virem a ser
rejeitados ou tenham seus sentimentos feridos.
Em
geral, parece que níveis mais elevados de raciocínio sobre os relacionamentos
interpessoais, incluindo as amizades, proporcionam as crianças uma variedade de
recursos para lidar com seu ambiente social. Elas são mais hábeis no uso de
mecanismos de reparação social, que assumem maior importância na segunda
infância, devido à modificação nas circunstâncias sociais das crianças. Quando
não há nenhum cuidador presente as crianças devem resolver os conflitos
sozinhas. Exemplos desses mecanismos de reparação social incluem o afastamento
antes que um desacordo se transforme em uma briga, ficar nas proximidades
depois de uma briga para atenuar a situação e minimizar a importância de um conflito
quando ele tiver acabado. Cada uma dessas estratégias aumenta a probabilidade
de que, quando o conflito tiver acabado. Cada uma dessas estratégias aumenta a
probabilidade de que, quando o conflito tiver acabado, as crianças ainda
continuem amigas.
Amizade
e competência social
Muitas
características pessoais que são importantes para o desenvolvimento das
relações entre os pares em geral são também fundamentais na formação de
amizades. É de particular importância as crianças serem capazes de entender como
seus amigos pensam e sentem.
Os
psicólogos que estudam o desenvolvimento da amizade usam um termo semelhante,
competência social, para fazer referência ao conjunto de habilidades que
coletivamente resultam em um funcionamento social bem sucedido com os pares.
Um
aspecto importante da competência social é a tomada de perspectiva social, a
capacidade para adotar a perspectiva de outra pessoa ou no domínio social.
Ao
comparar as habilidades para assumir as perspectiva social das crianças com seu
entendimento da amizade, descobriu que as crianças que reagiram muito bem a
problemas nos quais era preciso assumir a perspectiva social provavelmente
também tinham ideias mais sofisticadas sobre a amizade.
Acadêmicas: Carla Zanin, Jaqueline Calegari, Liliani Borges, Marlete Sabino, Marilda Ramos e Rosanice Sato.
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