domingo, 12 de julho de 2015

Trabalho de Psicologia: " Adolescência...Bases biológicas e sociais da adolescência"



                                 Parte V – ADOLESCÊNCIA

Bases biológicas e sociais da adolescência

Concepções da adolescência

A palavra adolescência vem da palavra latina adolesco, que significa “crescer”. Apesar das diferenças entre épocas e culturas, registros históricos documentam que em outras sociedades as características do que chamamos adolescência são muito parecidas.
A adolescência ocorre primeiro de maneira biológica fazendo com que o individuo se torne mais instável e passível de conflitos emocionais. Segundo Rousseau essas mudanças podem ser consideradas como um renascimento, “nós nascemos, por assim dizer, duas vezes; nascemos para a existência e nascemos para a vida, nascemos um ser humano e nascemos um homem”.
A adolescência passou a ser estudada no final do século XVIII e inicio do XIX, pois foi quando a educação das crianças passou a ser difundida e extensiva que as mais velhas passaram a atrair cada vez mais atenção social, porque elas tendiam a se meter em confusões e eram difíceis de controlar.
Os teóricos modernos da adolescência tentam explicar como os fatores biológicos, sociais, comportamentais e culturais estão interligados na transição da infância para a idade adulta. A adolescência segundo John Conger e Ann Peterson (1984) começa na biologia e termina na cultura.
Arnold Gesell compartilhava a idéia de Hall de que os adolescentes completaram o caminho evolucionariamente prescrito do desenvolvimento. Ele admitia que o ambiente podia exercer uma influência mais poderosa durante a adolescência do que exercia anteriormente na vida, mas ainda afirmava que as condições ambientais não alteravam o padrão básico do desenvolvimento de nenhuma maneira fundamental.
Freud encarava a adolescência como um estágio distinto do desenvolvimento, durante o qual os seres humanos podiam finalmente realizar o imperativo biológico de se reproduzirem, daí preservando a espécie. Para ele, a principal tarefa desenvolvimental da adolescência é, por isso, restabelecer o equilíbrio das forças psicológicas reintegrando-as de uma maneira nova e mais madura, compatível com as novas aptidões sexuais do individuo. Embora a teoria freudiana esteja enraizada na biologia, ela não ignora o mundo social. O superego é, acima de tudo, a representação interna da sociedade e o ego faz a mediação entre o mundo social incorporado no superego, por um lado, e as demandas do id por outro.
Uma tendência recente no estudo da adolescência tem sido o interesse na aplicação das teorias e métodos da etologia e da biologia evolucionária ao estudo do desenvolvimento humano. A pesquisa sobre o desenvolvimento de hierarquias sociais e comportamento agressivo entre adolescentes indica a importância continuada desses mecanismos de controle social biologicamente influentes durante todo o desenvolvimento humano.

Puberdade

            A puberdade começa com um sinal químico do hipotálamo, localizado na base do cérebro, que ativa a glândula hipófise, um órgão do tamanho de uma ervilha, que é um apêndice do hipotálamo. As gônadas ou órgãos sexuais primários são os ovários nas mulheres e os testículos nos homens. Nas mulheres, os hormônios estimulam os ovários a produzirem estrógeno e progesterona e nos homens, os hormônios estimulam os testículos a fabricarem testosterona, que provoca a produção de esperma.
            A adolescência é o período do crescimento, nesse momento, tanto meninos como meninas crescem mais rápido do que em qualquer outra época desde o nascimento. As mudanças no tamanho físico são acompanhadas na forma geral. Durante a puberdade, homens e mulheres adquirem as características físicas distintas que caracterizam os dois sexos. As meninas desenvolvem seios e seus quadris se alargam. Os meninos também perdem gordura durante a adolescência e, por isso, parecem mais musculosos e angulosos que as meninas. As meninas continuam a ter uma proporção mais elevada de gordura do que de músculos e, por isso, têm um aspecto mais roliço.
            Durante a puberdade, todos os órgãos sexuais primários, os órgãos envolvidos na reprodução, aumentam e se tornam funcionalmente maduros. As características sexuais secundárias, os sinais anatômicos e fisiológicos que distinguem aparentemente os homens das mulheres, aparecem ao mesmo tempo em que os órgãos sexuais primários estão amadurecendo.
            A semenarca, a primeira ejaculação, em geral ocorre espontaneamente durante o sono e é chamada de polução noturna. Os pêlos axilares e faciais em geral aparecem cerca de dois anos depois de os pêlos púbicos, a voz em geral engrossa no fim da puberdade, durante esse processo sofre oscilações. Já as meninas, tem como primeiro sinal o florescimento do seio, em seguida o útero começa a crescer e o revestimento vaginal engrossa, em geral a menarca, primeira menstruação ocorre mais ou menos 18 meses depois da explosão do crescimento ter atingido a sua velocidade máxima.
            Como todos os eventos que ocorrem no desenvolvimento, o ritmo das mudanças da puberdade depende de interações complexas entre fatores genéticos e ambientais. Vários estudos têm documentado a importância dos fatores ambientais no ritmo da menarca. Um fator fundamental é a ingestão calórica. O inicio da menstruação é associado a aumentos na gordura corporal, de forma que, quando a ingestão de calorias é insuficiente para produzir um certo nível de gordura corporal, a menstruação é adiada, ou pode ser interrompida assim que começou.
            A puberdade também pode estar acontecendo mais cedo para os homens, mas a evidência para essa mudança é menos direta. Cinquenta anos atrás, a média dos homens americanos atingia sua altura máxima aos 26 anos. Agora, esse marcador do final da puberdade ocorre, em média, aos 18 anos. Estudos das mudanças físicas associadas a adolescência indicam que ela, em geral, dura cerca de quatro anos. A duração da puberdade, no entanto, é tão variável quanto a idade em que ela começa.
            Em todas as sociedades, as mudanças biológicas associadas a puberdade têm um profundo significado social e psicológico tanto para os próprios jovens quanto para a sua comunidade. As atitudes e crenças das meninas sobre a menstruação são apenas em parte um resultado da sua própria experiência direta da menstruação. A maneira como elas percebem a menstruação é influenciada pelas atitudes e crenças daqueles que as cercam.
            As mudanças que ocorrem durante a adolescência são perfeitamente normais, mas, na medida em que resultem em um tamanho ou forma corporais que se desviam dos ideais culturais, podem ser a fonte de importante angústia psicológica. Nos Estados Unidos, uma forma corporal magra, pré-pubertária, é considerada como o ideal para as mulheres, um ideal que está refletido em tudo, desde a televisão, o cinema e as imagens nas revistas, até as formas das bonecas dadas as meninas.
            Reforça esse ideal a freqüente representação, por parte da mídia, das pessoas obesas como indivíduos infelizes e não atraentes as quais falta autocontrole e que não são merecedores de respeito ou admiração. É menos provável que as meninas das famílias afro-americanas e mexicano-americanas se percebam como acima do peso, quando seu peso é normal, do que as meninas americanas descendentes de europeus, principalmente porque as respectivas culturas das primeiras valorizam um corpo mais amplo do que aquele promovido pela cultura dos descendentes de ingleses.
            A maturação precoce ou tardia tem sido objeto de estudos de vários pesquisadores, nota-se que as diferenças de ritmos entre um adolescente e outro pode trazer conseqüências para toda a vida. Á principio, acreditava-se que a maturação precoce era sempre positiva para os homens, pois era observado que os meninos que entravam na puberdade mais cedo, eram mais seguros, tinham uma atitude mais favorável em relação a seus corpos, porém estudos revelam que esses meninos nas fase adulta tendem a ter menos autocontrole e estabilidade emocional, sem contar a maior vulnerabilidade durante a adolescência de se envolver com drogas, álcool, e enfrentar problemas com a lei.
            Para as meninas a situação não é muito diferente, as meninas que entram na puberdade cedo acabam ganhando prestigio social devido a atração sexual, enquanto as meninas que entram na puberdade tardiamente podem enfrentar dificuldades de adaptação e socialização, porém as conseqüências gerias podem ser positivas. Segundo pesquisas feitas nos Estados Unidos, meninas que passaram por mudanças físicas tardiamente na verdade estão mais satisfeitas com seus corpos do que aquelas que amadureceram cedo.
            As mudanças marcantes que os jovens experimentam em seu sistema biológico durante a adolescência estão associados a mudanças igualmente marcantes na maneira como eles interagem com suas famílias e com seus pares. À medida que as crianças chegam a adolescência a interação com os pares se torna mais intensa, ao mesmo tempo que aumenta a distância dos adultos.
            Tanto para meninos quanto para as meninas as amizades dos adolescentes desempenham um papel desenvolvimental semelhante em determinados aspectos ao papel do apego na fase de bebê. Durante a fase em que os bebês buscam uma “referência social” olhando para seus cuidadores constantemente, para ver como eles avaliam o que está acontecendo, para os bebês os cuidadores são uma “base segura” à qual podem recolher-se quando se sentirem ameaçados ao explorarem seu ambiente, o bebê e o cuidador é a analogia do adolescente e seu amigo.
            No período da adolescência é comum ver grupos ou turmas de adolescentes, nesse período há uma pressão por parte da sociedade, e inclusive, por parte dos seus pares, esse período eles estão muito propenso a ter comportamentos perigosos, e a se envolver em atividades ilícitas, pois acreditam poder fazer e sair de qualquer situação embaraçosa e principalmente, pelas pressões sociais.
            Em muitas culturas, uma função fundamental do grupo de pares é proporcionar um contexto para a transição aos relacionamentos sexuais. A atividade sexual dos adolescentes varia segundo fatores contextuais prevalecentes na cultura e no período histórico em questão.    A variabilidade entre as sociedades com relação à atividade sexual varia desde os costumes de muitas culturas do Oriente Médio que proíbem as meninas de ter qualquer contato com homens fora de suas famílias, após terem atingido a puberdade, até a expectativa entre alguns grupos nas Filipinas de que a atividade sexual ocorrerá naturalmente.
            Os pesquisadores que estudam o desenvolvimento da atividade sexual usam o conceito de roteiros para descrever a sequência dos comportamentos que precedem a atividade sexual. Nas sociedades ocidentais, nos últimos anos os adolescentes tem seguido alguns passos, como beijos discretos, beijo de língua, caricias, masturbação, até finalmente o contato genital.
            As diferenças biológicas entre homens e mulheres preparam o terreno para as experiências sexuais divergentes com o potencial erótico de seus corpos. Isso se dá primeiro porque a genital masculina é exposta, enquanto o centro do prazer feminino é clitóris, que fica escondido dentro da vulva, por isso as meninas tem mais dificuldades para descobrir suas partes eróticas, os homens, no entanto, em um contexto geral tem seu primeiro orgasmo através da masturbação enquanto as mulheres terão muito mais tarde, em contatos sexuais com homens.
            A maturação biológica e o tempo cada vez maior passado com os pares alteram as relações entre pais e filhos. A autoridade dos pais diminui em relação à influência dos pares. Os pais agora devem exercer a sua autoridade bem mais através da persuasão do que anteriormente. Ao contrário da hipótese de uma cultura jovem distinta e separada dos adultos, a maior parte dos adolescentes compartilha os valores dos pais. O diálogo, mais que o conflito direto ou a rejeição, é o principal método para a resolução de desacordos entre os adolescentes e seus pais.
            Durante toda a adolescência, os pais exercer influência sobre os filhos, os pais com autoridade têm filhos mais competentes na escola e com menos comportamentos anti-sociais. Em relação ao trabalho foi analisado que adolescente que tem quantidades moderadas de trabalho, sentem-se mais independentes e eficazes, mas trabalho demais faz com tenha piores desempenhos na escola.
            Enfim, diante de todas as mudanças que ocorrem, vemos que a adolescência é um período de confusão e transtorno tanto para o adolescente, quanto para a família e a sociedade em geral. Isso se dá pelo fato de que a mudança biossocial para a fase adulta não coincide com o status de adulto. O conflito entre as forças biológicas e as forças sociais dá a essa transição características psicológicas singulares.

REAÇÕES PSICOLOGICAS DA ADOLESCÊNCIA

Pesquisas sobre a maneira de pensar do adolescente

            A transição da infância para a idade adulta é acompanhada pelo desenvolvimento de uma nova qualidade da mente, o adolescente passa a pensar de forma sistemática lógica e hipotética. Uma manifestação desse novo modo de pensar é a tendência dos adolescentes para tornarem-se críticos a respeito dos dogmas impostos e mais críticos ainda a respeito das divergências entre os ideais que os adultos defendem e seus comportamentos. Ao fim da adolescência os jovens devem conciliar seus próprios ideais ao mundo real.
            A maneira de pensar do adolescente é por um lado seu meio psicológico mais importante para se compatibilizar com as tarefas da vida adulta, e também resultado de suas lutas para reconciliar as exigências competitivas, sociais e psicológicas da vida adulta. Dessa forma, o adolescente passa a raciocinar hipoteticamente, além de pensarem sobre um fato, pensam nas situações contrárias ao fato, pensam sobre a maneira de pensar, planejam o futuro, e ainda, pensam além dos limites convencionais.
            Uma característica da adolescência segundo Piaget é a maneira como eles pensam sobre si mesmos, sobre seus relacionamentos e sobre a natureza da sociedade, esse modo de pensar resulta de uma nova estrutura lógica que ele denomina operações formais. O pensamento operatório formal é o tipo de pensamento necessário para qualquer pessoa que tenha que resolver problemas sistematicamente.
            A maneira de pensar do adolescente tem sido estudada por teóricos de várias áreas, devido a complexidade do assunto, Além das questões cognitivas, muitos tem enfatizado a importância do contexto cultural. Um grande avanço nas pesquisas sobre a maneira de pensar do adolescente possibilitou desmistificar a diferença de gêneros, se antigamente acreditava que os homens tinham mais capacidade de realizar atividades que exigissem pensamento operatório formal, na atualidade os estudos mostram que essas diferenças praticamente desapareceram, sendo atribuídas as variações culturais, ou seja, à medida que os homens entravam na puberdade passavam a ser educados de forma diferentes das mulheres, o que lhes dava um capital cultural muito mais elevado, enquanto as mulheres eram educadas para os afazeres domésticos, com as mudanças sociais as mulheres passaram a ter conhecimento em diversas áreas, diminuindo essas contradições.
            Além de Piaget outros teóricos contemporâneos tentaram explicar esse período de transição, as abordagens neopiagetianas enfatizam uma capacidade aumentada de processamento da memória que possibilita manter em mente vários aspectos de um mesmo problema ao mesmo tempo. Já os teóricos do processamento de informação formulam a hipótese de que a capacidade aumentada da memória e uma maior eficiência no uso de estratégias e regras, mais que as mudanças na lógica do pensamento, são responsáveis pelos novos processos de pensamento dos adolescentes.
            Os teóricos do contexto cultural propõem que o envolvimento em novas atividades cria as condições para um novo nível de pensamento sistemático. Supõe que o pensamento sistemático ocorre em todas as sociedades, mas está sempre ligado às demandas de determinados contextos. Segundo essa perspectiva, as melhoras na habilidade cognitiva durante essa transição podem parecer continuas ou descontinuas, dependendo da profundidade do conhecimento do jovem sobre um determinado contexto ou problema.
A MANEIRA DE PENSAR DO ADOLESCENTE SOBRE A ORDEM SOCIAL

            Como exposto anteriormente, durante a adolescência a capacidade cognitiva aumenta, o que se manifesta através da maneira de pensar sobre si e sobre os outros. Segundo os teóricos de diferentes linhas de pesquisa os adolescentes sofrem maiores mudanças no modo de pensar política e ciência entre os 12 e 19 anos de idade.
            Segundo Kohlberg o raciocínio moral progride através de três amplos níveis durante a infância e a adolescência, cada um deles constituído de dois estágios. A cada estágio a criança vai fazendo analises mais complexas sobre as obrigações morais que existem entre indivíduos e seus grupos sociais.
            Segundo o autor, o raciocínio moral no inicio da segunda infância não se baseia em convenções sociais ou em leis. Próximo ao final da segunda infância, as crianças atingem o nível convencional, em que elas começam a levar em conta as convenções sociais e a reconhecer a existência de padrões compartilhados do certo e errado. O primeiro estágio desse nível foi chamado por Kohlberg de raciocínio, estar nesse estágio significa corresponder as expectativas da família, dos professores e de outras pessoas, também chamado de período da “moralidade do bom garoto ou da boa garota”.
            O estágio 4 é o do raciocínio moral é como estágio 3 (raciocínio), exceto pelo fato de que seu foco se desloca das relações entre os indivíduos para as relações entre os indivíduos e o grupo. O estágio 5 denominado de pós-convencional  requer que o raciocínio moral seja baseado na idéia de uma sociedade limitada por um contrato social. Nesse período apesar de aceitar e valorizar o sistema social o individuo passa a pensar formas alternativas e democráticas para melhorar esse contrato social.
            O último nível 6 só é atingido quando as pessoas fazem julgamentos morais de acordo com princípios éticos que elas acreditam transcender as regras das sociedades individuais. Kohlberg afirma que nem todos chegam, ao estágio 6 , considerando-o portanto, mais como um ideal filosófico do que uma realidade psicológica, pessoas nesse estágio agem motivados pela crença de que há princípios éticos que se aplicam a toda humanidade, por exemplo, alguns gentios colocaram suas vidas em risco para salvar judeus durante a segunda guerra mundial, motivados pelo principio ético de que nenhum ser humano merece vivenciar aquele estado de humilhação.
            Mais uma vez através das pesquisas realizadas destruíram a crença de que homens e mulheres tem diferenças na forma de pensar, apesar de haver muitas controvérsias em relação à isso, os autores modernos atribuem o raciocínio moral as questões do meio, da cultura e tempo vigentes, ao invés de atribuí-lo a questões biológicas, que separam indivíduos por gênero.
            Frequentemente, os julgamentos morais e as ações morais não estão vinculados, os dilemas morais que os jovens enfrentam em sua experiência da vida real não são tão definidos quantos os dilemas hipotéticos, por exemplo, se hipoteticamente presenciamos uma briga sabemos que o correto é interferir e tentar mediar, porém se isso acontece em nossa frente não saber se é correto se envolver e tememos nos machucar.
            Como conseqüência dos fatores concorrentes que entram nas escolhas morais, há frequentemente algum tipo de lacuna entre os julgamentos morais da pessoa e suas ações. Ao mesmo tempo, a capacidade de raciocinar sobre questões morais proporciona o nível mínimo de entendimento requerido para a ação moral. Outro fator que ajuda o adolescente a agir moralmente é a capacidade de entender a situação dos outros e raciocinar de maneira pró-social.
                        Com relação a maneira de pensar a política, as concepções dobre as leis tornam-se mais abstratas. Os adolescentes mostram uma capacidade crescente para considerar as contribuições tanto individuais quanto sociais, as condições como a pobreza e o desabrigo. Aparece uma apreciação do valor positivo das leis. Ao mesmo tempo que os adolescentes desejam sistemas políticos ideais, tornam-se cada vez mais céticos com relação as possibilidades de resolver problemas sociais.

INTEGRAÇÃO DO EU

            A idéia mais defendida sobre a adolescência é que esse é o período em que o individuo molda sua base para uma personalidade adulta estável. A capacidade dos adolescentes para levar em conta vários fatores ao mesmo tempo quando pensam sobre um problema, seu conhecimento mais amplo e profundo das normas e dos códigos morais da sociedade, e sua consciência cada vez maior de que a idade adulta está se aproximando, contribuem para o estabelecimento de um sentido integrado do eu e da identidade.
            Á medida que as pessoas jovens vão chegando ao final da adolescência, elas se tornam cada vez melhores na formulação de autodescrições que se aplicam a vários contextos, permitindo-lhes integrar os eus contraditórios que elas enxergam em si. Quando começam a perceber as disparidades entre a maneira como realmente se comportam e a maneira como deveriam se comportar eles começam a ficar preocupado com seu verdadeiro eu.
            A beleza física fica em primeiro lugar dentre os anseios dos adolescentes, principalmente para as meninas, em seguida vem a aceitação dos pares. A ênfase na beleza física tem um impacto desastroso na auto-estima das meninas, porque a maioria se considera feia. Na maioria dos países as mulheres se mostram mais descontentes com sua auto-imagem do que os homens.
            O processo da formação da identidade segundo Erikson envolve a integração de mais do que a personalidade individual, os adolescentes moldam seu senso firme do eu com base nas interações nas esferas individuais e sociais. Sendo assim, a formação da identidade depende de como eles julgam os outros, como os outros os julgam, como eles julgam os processos de julgamento dos outros, e qual a capacidade de manter em mente categoriais sociais importantes (segundo Erikson “tipologias”) disponíveis na cultura, quando eles formam julgamentos sobre as outras pessoas.
            James Marcia (1966) se concentrou em dois fatores identificados por Erikson como essenciais para chegar a uma identidade madura: crise/exploração e compromisso. Crise/exploração refere-se ao processo através do qual os adolescentes examinam ativamente suas oportunidades futuras na vida, reexaminam as escolhas que seus pais fizeram e começam a buscar alternativas que eles considerem satisfatórias. O compromisso se refere ao envolvimento pessoal dos sujeitos em – e na obediência a – objetivos, valores, crenças e ocupação futura que eles adotaram para si.
            Marcia (1966) identifica ainda quatro possíveis padrões que surgem durante esse período de crise/exploração e compromisso, sendo eles: conquista da identidade, em que tem opiniões próprias, exclusão, período em que as opiniões dos adolescentes divergem tanto das demais que os deixam em estado de isolamento ideológico, moratória, momento em que realmente a uma crise de idéias, onde o adolescente não consegue ter um posicionamento firme sobre algo, vendo pontos positivos e negativos em ambas as opções e poucas possibilidades de um futuro melhor em qualquer um dos casos, exemplo, propostas políticas, e ainda a difusão da identidade, os adolescentes tentam assumir várias identidades sem conseguir estabelecer nenhuma.
            A família e os amigos desempenham papel complementar no processo de formação da identidade. Os processos pelos quais as meninas e os meninos passam são similares, portanto, os conflitos, os medos e as preocupações não divergem muito segundo pesquisas.
            Esse momento é também o das descobertas e formação da identidade sexual. A orientação sexual é claramente importante para a identidade com o papel do sexo, mas não pode considerar que ela determine a identidade sexual. A identidade sexual é também influenciada pelas categorias de sexualidade presentes na cultura da pessoa e pelas atitudes da pessoa para com aquelas que se ajustam a essas categorias. Tanto as categorias culturais da sexualidade quanto as atitudes culturais em relação a ela variam muito entre as sociedades e dentro das sociedades no decorrer do tempo.
            A formação da identidade não-heterossexual pode aparecer por quatro estágios, a sensibilização: uma sensação de ser diferente, auto-reconhecimento e confusão de identidade, assumindo a identidade e compromisso. Embora muitos estudos sejam feitos não há certezas sobre os fatores que conduzem a formação de identidade não-heterossexual. Sendo que alguns pesquisadores acreditam em fatores biológicos, na influencia do meio e até mesmo exposição à andrógenos durante o período natal.
            A formação da identidade étnica na adolescência passa por três estágios, a identidade étnica não examinada, a busca da identidade étnica e a aquisição da identidade étnica. As variações apresentadas no processo de formação da identidade se dão por conta de circunstancias socioculturais.  

A TRANSIÇÃO PARA A IDADE ADULTA
           
            Como visto anteriormente existem profunda mudanças no tamanho e na forma dos corpos das crianças, o que não significa que elas estão amadurecendo. O amadurecimento mental em geral acontece depois que o corpo já está preparado. A transição para a fase adulta pode ser mais complexa dependendo do contexto em que está inserida. Em algumas culturas a adolescência é vista como algo natural, inclusive, em relação ao sexo e a sexualidade, porém em algumas culturas essas questões são tabu, o que faz com que a passagem para a fase adulta seja mais difícil para esses jovens.
            As variações históricas e culturais na organização das vidas dos jovens após a segunda infância suscitam a questão sobre o fato de a adolescência ser considerada um estágio universal do desenvolvimento. Embora a transição para a idade adulta seja marcada por estresses sociais e psicológicos adicionais, a adolescência como uma categoria social mais proeminente onde há uma lacuna entre a capacidade para reproduzir biologicamente e a capacidade para reproduzir culturalmente.
            A partir dos temas da adolescência abordados dentro do texto, e das pesquisas realizadas vemos que a adolescência no sentido de crescimento corporal tem sido cada vez mais precoce, enquanto a maturidade para a vida adulta tem sido adiada. Nas sociedades industriais modernas, em que a adolescência é um estágio institucionalizado do desenvolvimento, as mudanças biológicas, sociais e psicológicas criam uma configuração desenvolvimental, ao contrário das ocorridas nos primeiros estágios do desenvolvimento. 


 Acadêmicas: Margarete de Oliveira Pinto Salvador, Deyse Mayara Epifânio Gomes, Suzana Maria da Cruz, Bruna Evangelista, Vanessa Soares e Dulcilene Cardine 

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